Projeto quer triplicar movimento de trens

O turismo ferroviário está em pleno crescimento, mas ainda é pouco conhecido. Os trens turísticos e culturais movimentam anualmente cerca de três milhões de turistas no Brasil, mas há potencial para dobrar o número de locomotivas em operação e triplicar o número de usuários em uma década. Esta é uma das propostas do projeto “Trem é Turismo”, que conta com engajamento da Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (Abottc), do Sebrae e do Grupo Giordani Turismo, de Bento Gonçalves.

Um trem turístico e cultural é aquele que tem alguma característica que o distingue dos demais, como um design único, um serviço exclusivo ou qualquer elemento histórico e cultural. A Maria Fumaça, também conhecida como Trem do Vinho, foi escolhida para estampar a capa do material informativo do projeto. Segundo o consultor da Abottc, Luiz Carlos Barboza, a escolha se deu, principalmente, pelos ensinamentos que a região pode transmitir aos outros municípios. “É um trem que tem uma boa operação e fluxo de turistas. O passeio de uma hora e meia é repleto de boas experiências, com músicas, histórias e degustação. É o que queremos que seja referência para os demais”, comenta. 

Mesmo servindo de inspiração, Barboza cita alguns diferenciais que ainda podem ser agregados à Maria Fumaça. “As degustações durante os passeios podem incluir além de vinhos, sucos e espumantes, produtos típicos da gastronomia regional. O espaço do trem também pode ser aproveitado para eventos corporativos e lançamentos de produtos”, exemplifica. 

Inicialmente, a ideia é atuar com 20 trens turísticos e culturais que estejam em efetiva operação ou que iniciarão seu funcionamento nos próximos dois anos, entre os quais o Trem do Forró (Pernambuco), o Trem das Montanhas Capixabas (Espírito Santo), a Maria Fumaça (trajeto entre Ouro Preto e Mariana e entre São João Del Rei e Tiradentes, em Minas Gerais), o Trem do Corcovado (Rio de Janeiro) e o Trem da Moita Bonita (São Paulo). As ações já começaram em alguns locais e há uma vinda programada dos consultores para Bento. O projeto terá continuidade até março de 2016. Outros dois trens gaúchos que ainda não operam, no Vale do Taquari e em Santa Maria, estão incluídos no projeto.

Na visão de Barboza, os trens têm um grande potencial que pode e deve ser trabalhado, pois agradam diversas faixas etárias, principalmente os mais velhos, que gostam de vivenciar uma experiência saudosista. “O turista está em busca de uma experiência qualificada. Ele não observa apenas o trem, ele busca desfrutar produtos de toda a rede de negócios. É uma experiência exclusiva e enriquecedora” resume. 

As operações acionam uma cadeia extensa de pequenos negócios nos setores de hospedagem, alimentação, comércio varejista, artesanato, entretenimento e outras atividades que são impulsionadas pelo fluxo de visitantes. Um dos principais focos do projeto será em relação às micro e pequenas empresas, que representam mais de 90% do total dos estabelecimentos do setor. “Queremos que os trens sejam de fato mais um catalizador para o desenvolvimento dos pequenos negócios do seu entorno, criando um novo patamar de competitividade”, destaca a consultora do Sebrae Nacional, Andrea Faria. 

A meta é beneficiar pelo menos 600 pequenos negócios que atuam no entorno em todas as regiões geográficas brasileiras. Além de um guia nacional, o projeto também criará uma central integrada de reservas e vendas. Entre os resultados esperados, está a ampliação de 10%, em média, do faturamento obtido pelos pequenos negócios do entorno e aumento de 15% no fluxo de usuários, atingindo 80% de satisfação dos clientes.

Reportagem: Carina Furlanetto

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