Crianças também podem e devem realizar tratamentos com aparelhos ortodônticos. Atualmente, com os recursos disponíveis na Ortopedia Funcional de Maxilares, é possível fazer uso de aparelhos removíveis que se apoiam no céu da boca e gengiva e podem ser utilizados em crianças com dentes de leite ou em fase de trocas dentárias.
Eles podem ser lúdicos, coloridos e com os personagens que as crianças gostam, para motivar o tratamento. Diferentemente dos aparelhos ortodônticos fixos, com os bráquetes, que só podem ser colados em dentes permanentes, os aparelhos ortopédicos funcionais não precisam aguardar que os dentes permanentes estejam erupcionados. Portanto, tão logo a criança tenha maturidade para o uso de um aparelho removível, o tratamento poderá ser iniciado, o que pode ocorrer por volta dos cinco anos de idade.
Outra técnica utilizada na Ortopedia Funcional dos Maxilares é a confecção de Pistas Diretas Planas, que consiste no acréscimo de resinas compostas, as quais ficam aderidas sobre os dentes de leite, modificando seus formatos para que ocorra o correto contato entre os dentes superiores e os inferiores. As Pistas Diretas podem ser feitas mais precocemente ainda, por volta dos dois ou três anos de idade, dependendo das alterações encontradas na oclusão, pois configuram uma técnica de simples execução e não dependem da colaboração da criança quanto ao uso e cuidados com um aparelho.
Quando visitar o ortodontista?
Os pais devem buscar a avaliação de um especialista o mais precocemente possível, para que este indique o tratamento, caso necessário. É importante que o paciente seja tratado de forma multidisciplinar, devendo, muitas vezes, ser encaminhado, também, para outros profissionais, como médico otorrino, fonoaudiólogo ou fisioterapeuta.
Normalmente, os pais só buscam algum tratamento quando observam alguma alteração em posição de dentes, falta de espaço para os dentes ou quando eles erupcionam fora de lugar, sendo esta, muitas vezes, uma questão estética. No entanto, na maioria das vezes, o problema nessa fase já está instalado e pode ser mais difícil de ser revertido.
Em muitos casos, “dentes tortos” estão longe de ser o principal indício da necessidade do tratamento ortodôntico ou ortopédico, e somente um profissional consegue identificar o problema. Por isso, toda a oclusão deve ser considerada, ou seja, a relação da arcada superior com a inferior, encaixe dos dentes e o formato de toda a arcada. Outros fatores, como o perfil e o padrão de crescimento facial, as estruturas das articulações têmporo-mandibulares, os movimentos da mandíbula, o padrão de deglutição e a musculatura da face, lábios e língua também devem ser avaliados.
Importância da avaliação precoce
A avaliação precoce também é importante para detectar a existência de alguns fatores que podem influenciar e causar alterações no crescimento e no desenvolvimento das estruturas da face. Portanto, serão observados ,além da fala, respiração e deglutição, a existência de hábitos deletérios, como sucção de dedos e uso de chupetas e mamadeiras, onicofagia (roer unhas), morder de objetos etc.
Por conta desses fatores, deve-se considerar o ponto de vista funcional, e não somente o estético, pois o tratamento deve proporcionar o equilíbrio no desenvolvimento das estruturas orais responsáveis pela mastigação, fala e respiração. Assim, a criança estará apta a mastigar bem, beneficiando-se de alimentos saudáveis, a falar corretamente, tendo um bom rendimento escolar, e a respirar bem, diminuindo riscos de doenças respiratórias e tendo uma boa qualidade de sono. Dessa forma, o tratamento contribuirá para uma melhor qualidade de vida para a criança como um todo e não somente para “desentortar os dentes”.
É importante que os pais tenham em mente que, quanto mais rápidos forem o diagnóstico e a intervenção, melhor será a resposta do tratamento e a correção, evitando-se alterações nas arcadas e na face e diminuindo-se as necessidades de extrações dentárias e até mesmo o número de casos com indicação cirúrgica.
Fabiola Bernardeli Lanfredi
Portal Minha Vida
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