Qualidade da próxima safra requer atenção

Nesta semana as vinícolas da região estão recebendo as últimas caixas de uva. O término da safra, porém, não significa o fim dos trabalhos para os agricultores. Para garantir a qualidade da produção do próximo ano, as parreiras precisam de cuidados específicos no período que sucede a colheita, especialmente no inverno. O alerta é dobrado para produtores que foram atingidos pela seca e/ou pelo granizo. Com os cuidados necessários, a expectativa é de que em 2013 a safra tenha a mesma qualidade da deste ano. “As parreiras que não foram atingidas pelo granizo estão sadias e terão uma boa brotação”, comenta o enólogo da Emater, Thompson Didoné. 

Para os produtores que tiveram prejuízos por conta do granizo ou pela seca, Didoné recomenda a realização, durante o inverno, de um a dois tratamentos com calda bordalesa ou sulfocálcica para diminuir o inóculo de fungos. “Se não forem tomadas essas precauções, pode ocorrer maior ataque de doenças”, observa. Ele destaca ainda que as plantas atingidas por granizo apresentaram alta incidência de míldio, uma doença causada por fungos. “Nestes casos são recomendados, no mínimo, dois tratamentos”, aconselha. Outra dica é eliminar, durante a poda pós-colheita, a maior quantidade de galhos machucados, deixando só os sadios.

Segundo Didoné, nas plantas atingidas pela seca, a brotação será mais deficiente, pois há menos reserva nutritiva para o início do processo. A recomendação, nesses casos, é trabalhar durante o inverno com plantas de cobertura, como aveia, ervilhaca e azevém. “Isso formará uma espécie de palhada embaixo do vinhedo, o que mantém a umidade durante o período de brotação”, conta. É recomendado ainda fazer análise do solo, para verificar os níveis de nutrientes. Além disso, o enólogo lembra que é importante adubar a videira antes da poda, para que não haja deficiência durante a brotação, que pode acarretar em problemas na produção.

Números

Entre os meses de novembro do ano passado e fevereiro deste ano, o nível de chuvas na região foi abaixo da média esperada para o período. Em Bento Gonçalves, as perdas com a seca ultrapassaram os R$ 14 milhões, enquanto que o prejuízo causado pelo temporal que atingiu a região na noite de 14 de dezembro chegou a R$ 6,6 milhões. Nos locais atingidos pelo granizo, projeta Didoné, certamente haverá uma redução na produção também em 2013, principalmente nas variedades viníferas. “Os galhos foram danificados, deixando a planta mais suscetível ao ataque de doenças”, pondera.

2012: uma safra para ser lembrada

Mesmo com a seca e a chuva de granizo que atingiu a região em dezembro, a qualidade da safra deste ano foi uma das melhores desde 2005. “O teor de açúcar está bem acima da média. Com mais açúcar na fruta, aumenta também o teor de álcool natural, diminuindo a quantidade de açúcar a ser adicionada ao produto”, observa o enólogo. “Além disso, aspectos como aroma e sabor tornam-se melhores com a maturação completa, garantindo a produção de bons vinhos, sucos e espumantes”, complementa. “Será uma safra para ser lembrada”, adianta.

Os números oficiais da colheita de 2012 devem sair apenas em abril. Como a safra anterior havia batido recorde no quesito qualidade, a redução na quantidade já era esperada. Isso porque as parreiras não costumam ser capazes de produzir a mesma carga em anos consecutivos. “Não podemos comparar o volume com a safra de 2011. É preciso comparar com safras consideradas normais. Neste caso, acredito que a produção seja apenas um pouco abaixo da média”, estima. A redução no volume colhido foi percebida em propriedades do Vale Aurora, Linha Demari, Veríssimo de Matos e Linha Brasil. Entretanto, há caso de produtores que chegaram a colher mais neste ano, como é o caso de algumas famílias no interior de Pinto Bandeira.

Reportagem: Carina Furlanetto

 

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