“Quando não atingia a meta, ela efetuava vendas fictícias”: o caso de fraudes em farmácias
De acordo com o Delegado da PF de Caxias do Sul, Noerci Melo, as falsas vendas eram feitas para os próprios funcionários ou para parentes, além de pessoas aleatórias
Na última terça-feira, 26/09, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Indebitus. O objetivo era apurar fraudes no Programa Farmácia Popular praticada por unidades da rede de farmácias São João, que tem atuação no Sul do Brasil. No total, 240 policiais federais foram mobilizados a cumprir 62 mandados de busca e apreensão em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas e Ceará. As investigações começaram em 2022, a partir de notícia da venda fictícia de medicamentos por meio do Programa Farmácia Popular do Brasil. Em Bento Gonçalves, duas unidades da rede receberam buscas da PF.
De acordo com o Delegado da PF de Caxias do Sul, Noerci Melo, as falsas vendas eram feitas para os próprios funcionários ou para parentes, visando o cumprimento de metas. “A farmácia possuía uma meta de vendas para atingir, então, todo mês, quando não atingia a meta, ela efetuava vendas fictícias por meio do Programa”, afirmou.
As denúncias também começaram a surgir de pessoas sem nenhuma ligação com o estabelecimento ou seus colaboradores. “Houve comunicações de pessoas que nunca estiveram em determinadas cidades, nunca estiveram em determinada farmácia, e que nessas farmácias ocorreram vendas em nome delas”, explica o Delegado.
Na ação de terça, o objetivo foi colher o máximo possível de informações. “A partir destes elementos de prova ter uma dimensão do alcance dessa fraude. Então, somente a partir dessa análise a gente vai ter uma dimensão de valores. O que pode se dizer é que se trata de um volume muito grande de vendas por meio do Programa, o que torna, também, difícil e mais demorado a apuração desses valores […]. A partir da análise dos materiais arrecadados na data de hoje [26/09], serão definidas as novas diligências a serem adotadas, o que pode resultar em novas buscas e apreensões, assim como diligências julgadas pertinentes”, finaliza.
Ainda de acordo com o Delegado, os investigados responderão, em tese, pelos crimes de estelionato contra a União, falsificação de documento particular, associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso.
Manifestação
A rede de Farmácias São João publicou uma nota oficial em suas redes sociais. No documento, a empresa afirma que “recebe a ação com naturalidade e está em plena colaboração com a Polícia Federal.”
De acordo com a São João, apenas 1% da sua receita é referente ao Farmácia Popular. “Os fatos estão sendo apurados e, se confirmado o envolvimento pontual de algum colaborador, será punido de forma exemplar”, pontua a empresa na nota.