Reabilitação pós-Covid-19
Vivemos um momento bastante delicado, uma pandemia que “chegou” dia 26 de fevereiro de 2020, sem pedir licença, e nos atingiu. Ainda estamos em pandemia e por isso devemos continuar com os protocolos de cuidados em saúde e regras do distanciamento, mas vivemos também outro momento: “o pós-COVID-19”. Por isso, seguem algumas orientações para o programa de reabilitação.
Os objetivos da Fisioterapia na reabilitação de pacientes com sequelas da COVID-19 devem ser: promover alívio de sintomas, tratar e prevenir complicações respiratórias, cardiovasculares, músculo esqueléticas, melhorar qualidade de vida e retorno às atividades laborais, sociais e esportivas. Embora as sequelas pós-COVID-19 sejam mais comuns em pacientes que desenvolveram a forma grave, indivíduos que apresentaram a forma moderada da doença podem ter algum grau de comprometimento funcional. Portanto, uma avaliação individualizada que contemple aspectos físicos e funcionais é fundamental para definição do plano terapêutico.
Na avaliação fisioterapêutica, deve-se “ouvir” o paciente, qual sua queixa principal, história da doença atual, história de patologias anteriores, história medicamentosa e atual, exame físico, testes de força respiratória e muscular e exames complementares, a fim de quantificar e estabelecer o diagnóstico cinético funcional, traçando condutas e objetivos a serem atingidos. O programa de reabilitação deve ter exercícios respiratórios, exercícios de fortalecimento e resistência muscular, treino de equilíbrio/propriocepção e treino para retorno às atividades de vida diária.
A frequência dos exercícios pode variar dependendo do grau de acometimento; pacientes com sintomas leves, de 3 a 5 vezes/semana, por um tempo de 20 a 30 minutos; pacientes com sintomas mais acentuados de fadiga (cansaço), 2 a 3 vezes/semana, com prática diária (exercícios domiciliares) por 20 minutos; e, para pacientes que apresentarem uma fraqueza muscular generalizada, é indicado realizar exercícios diários, iniciando com séries de 5 a 10 repetições para atividades propostas, lembrando sempre de respeitar a individualidade de cada paciente. E ao final de cada sessão um momento de relaxamento. A cada semana, o paciente deve ser reavaliado para que aumente gradualmente a intensidade de seus exercícios e assim atinja seus objetivos.
Algumas contra-indicações devem ser listadas; febre, frequência cardíaca de repouso menor que 50 e maior que 100 batimentos por minuto, saturação de oxigênio menor que 88%, sinais de desconforto respiratório, hipertensão descontrolada, maior de 180 mmHg e/ou menor de 110 mmHg. Alguns critérios para que sejam interrompidos os exercícios: náuseas, tonturas, falta de ar, fadiga intensa, diminuição da saturação de oxigênio, sudorese excessiva, dor ou sensação de aperto no peito. Não podemos esquecer do uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) e a lavagem das mãos antes e após os atendimentos.
O Fisioterapeuta, como parte da equipe multidisciplinar ou atuando na reabilitação pós-Covid, é de fundamental importância para o sucesso do tratamento, atuando para evitar complicações e recuperar capacidades. E, por fim, pacientes e familiares também devem fazer parte do processo para o sucesso da reabilitação.