Rebelião compromete estrutura do Presídio

A rebelião de apenados que iniciou às 8h da última quinta-feira, dia 8, no Presídio Estadual de Bento Gonçalves (PEBG), e se estendeu por mais de quatro horas deixou como saldo danos que podem ter comprometido seriamente a estrutura da penitenciária, instalada em plena área central da cidade. A avaliação dos estragos causados pelos detentos, revoltados com uma revista geral realizada no começo da manhã, foi a queima e depredação de pelo menos 5 celas – em uma delas, a de número 11, as avarias foram mais graves e o teto corre o risco de desabar.

Os apenados destruíram paredes internas e conectaram várias celas. O tumulto teria começado na 7, onde foram encontrados celulares e drogas, mas logo se generalizou. Os rebelados usaram pedaços de camas de concreto para abrir os buracos nas paredes. Em alguns momentos, pedras foram arremessadas contra bombeiros que tentavam conter as chamas e brigadianos, que revidaram com  tiros antimotim. 

Às 12h, o Batalhão de Choque de Caxias do Sul invadiu o local e retomou o controle da casa prisional, mantendo os presos no pátio. Além de reforço no efetivo com policiais da região, o comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat), major José Paulo Marinho, chegou a acionar o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), de Porto Alegre. “Há anos, alertamos sobre a situação do presídio, que é uma bomba-relógio”, diz o oficial.

Em resposta, já no meio da tarde, a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) começou a realizar transferências, que devem chegar a 70, um terço da ocupação atual da penitenciária. Todas as detentas da ala feminina – 18 no total – foram encaminhadas para Caxias e pelo menos 6 homens, levados a Osório. Outros 20 presos estavam prestes a serem deslocados para Passo Fundo, Santa Maria e Bagé. “Com o passar do tempo, o presídio foi encaixotado pela localização urbana da cidade, então agora nós passaremos a tratar de uma forma mais efetiva a agilização de um projeto para a construção de uma nova casa prisional”, afirma o delegado regional penitenciário, Ronieverton Pacheco Fernandes.


Interdição total

No final da tarde do mesmo dia, Fernandes acompanhou o administrador do presídio, Edson Carlos Righi de Menezes, em uma reunião com o promotor Gilson Borguedulff Medeiros e com o juiz Rudolf Carlos Reitz para tratar da possibilidade de interdição total do presídio. 

Verba perdida

Depois de discutir por pelo menos cinco anos a transferência do presídio para a linha Palmeiro, no Barracão, onde seria erguido com recursos federais, Bento perdeu a verba para o projeto em 2012. Com mobilizações contrárias de grupos que alegavam que a construção poderia prejudicar o potencial turístico na região – além de entraves burocráticos no processo e a desistência da empresa que ganhou a licitação para a obra –, a proposta não avançou. Desde então, praticamente não houve novidades quanto a possíveis convênios para tentar viabilizar o novo empreendimento penitenciário.

Reportagem: Jonathan Zanotto, Jorge Bronzato Jr. e Priscila Pilletti


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