Reciclagem: sem verbas, sem explicações

A reciclagem de vidros J.S.A., instalada no distrito de Tuiuty, pode fechar as portas em breve. Responsável por dar um destino correto a um volume que varia de 45 a 60 toneladas de vidros por mês, a entidade acumula dívidas de R$ 12 mil. O motivo é a falta de repasses por parte da prefeitura. “Para nós foi dado como certo que a verba viria. Só ficamos sabendo do corte, informalmente, na última semana”, explica o presidente da recicladora, Jocemar Pereira.

Pereira conta que cobrou uma posição do prefeito Roberto Lunelli durante reunião realizada no mês de maio. “Fomos informados de que estava tudo certo para receber o auxílio. Fiquei sabendo que o dinheiro não viria por meio da presidente de outra recicladora”, comenta. Assim que recebeu a informação, ele entrou em contato com o secretário municipal do Meio Ambiente, AlvoryViccari. “Ele explicou que não iríamos receber em razão da Lei Eleitoral”, conta. As outras recicladoras do município já assinaram o convênio com a prefeitura para receber a verba de R$ 4 mil mensais. A expectativa é que o pagamento possa ser feito ainda nesta sexta-feira, dia 15.

Dívidas acumuladas

A J.S.A. está em funcionamento há um ano e quatro meses e receberia verbas municipais pela primeira vez em 2012. No início eram apenas três associados, mas o número precisou aumentar para que a entidade pudesse receber o auxílio. “O antigo secretário do meio ambiente que nos informou de que se quiséssemos receber, precisaríamos de mais associados”, lembra. A renda média mensal é de R$ 600 a R$ 700, mas pode ser que em junho não haja lucro. “Não estamos mais pegando nenhum material”, lamenta. “Poderiam ter nos avisado no ano passado de que não seria possível receber o dinheiro neste ano. Aí não teríamos aumentado o número de associados”, observa. 

As dívidas incluem o aluguel do pavilhão de 1,5 mil metros quadrados, alimentação e combustível. “Usamos um veículo próprio para buscar o material”, explica. A matéria-prima vem de hotéis da região e também do que é separado pelas outras recicladoras. Nesse segundo caso, o material não vem de graça. “Pagamos cerca de R$ 100 a cada caminhão cheio”, destaca. O trabalho da entidade consiste em separar os vidros por tipo. Há os que podem ser reaproveitados, como vidros de conservas e garrafas de vinho. Os que não podem ser reutilizados são quebrados e vendidos para empresas que fabricam garrafões.

Caso não possam receber o auxílio do município e precisem fechar as portas, o vidro que a J.S.A. recicla pode não ter um destino correto. De acordo com a presidente da Associação dos Recicladores Jardim Glória, Érica Rosseto, nem todas as recicladoras têm comprador para o material. “Temos apenas comprador para os cacos, que vendemos a R$ 0,05 cada quilo. Não temos quem compre vidros inteiros”, lamenta.

Prefeitura

O SERRANOSSA entrou em contato com a prefeitura para buscar explicações sobre o não repasse das verbas. Até o fechamento desta edição, não havia sido dado retorno da solicitação.

Comdema busca explicações

De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Gilnei Rigotto, será oficializado um pedido de explicações à prefeitura. “Gostaríamos de saber o que aconteceu e por que a associação só foi informada no último instante e de maneira informal de que a verba não viria”, comenta. No início do ano o Conselho chegou a aprovar o repasse de R$ 4 mil para a recicladora de vidros. Na ocasião, o órgão foi informado de que apenas a Associação de Recicladores de Materiais Eletrônicos e Elétricos Gonçalves não poderia receber o repasse por problemas de alvará no pavilhão no qual estava instalada, enquanto que as demais estariam aptas a receber o benefício do auxílio.

Reportagem: Carina Furlanetto

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