Rede estadual: semana para identificar carências

Iniciado o ano letivo na rede estadual de ensino, desde a segunda-feira, 24, as escolas de Bento Gonçalves e região devem passar agora por um período de avaliação de possíveis carências, principalmente na formação do quadro de professores. Nesta semana, o titular da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), Ênio Eliseu Ceccagno, fez uma avaliação dos últimos três anos de trabalho do departamento, e garantiu que as deficiências – especialmente na composição do corpo de docentes nas cidades abrangidas pelo órgão – são “questões pontuais”, e devem ser sanadas já nos próximos dias.

Entre os dados apresentados por Ceccagno, um dos que mais se destaca é a redução de mais de 27% nas matrículas na área de alcance da coordenadoria entre os anos de 2006 e 2013. A queda, entretanto, não significa necessariamente que tenha havido uma transferência para as redes municipal ou particular. “Com base nesses números, podemos fazer algumas constatações. Uma delas é que houve uma grande migração das cidades menores, em que esse índice é bem mais elevado, para os grandes centros. A outra é um fenômeno que se verifica em todo o Estado, que é a redução da taxa de natalidade”, aponta.

Em menor escala, o coordenador destaca que outro fator que influenciou a alteração é a atuação cada vez mais forte das prefeituras no Ensino Fundamental. “Nos últimos anos, os repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) propiciaram aos municípios angariar um número maior de alunos. Mas hoje, nesse ponto, há um equilíbrio entre Estado e município, algo que deve permanecer assim em nossa região. E isso é positivo, porque beneficia o cidadão que necessita de escola pública”, completa Ceccagno.

Expectativas

Como projeção para 2014, Ceccagno aponta a consolidação do Ensino Médio Politécnico como um das metas para serem trabalhadas ao longo do ano. Outra será o fortalecimento do processo de avaliação interna das ações desenvolvidas pelas escolas e pela própria 16ª CRE. “Não temos que inventar nada novo para o ano. O importante agora é conseguir solidificar essas ações já encaminhadas”, analisa. Na lista também entram novas atividades para capacitação de professores e possíveis novidades no que diz respeito aos jogos escolares.

No caminho para alguns avanços, entretanto, a burocracia ainda é um obstáculo a ser superado. Um exemplo disso é a situação já destacada pelo SERRANOSSA na edição do último dia 21: por estarem em terrenos que não são do Estado, as escolas Dona Isabel e Egídio Fabris não podem receber novos investimentos em obras por parte do governo. Neste ano, com um parecer jurídico favorável, algumas intervenções emergenciais deverão ser executadas, entre as quais o cercamento do pátio no Dona Isabel e a instalação de fossa para esgoto no Egídio Fabris. “O Estado brasileiro trabalha com uma metodologia do século retrasado. O que mais nos incomoda é justamente essa estrutura que muitas vezes nos amarra. Um caso que também ilustra isso aqui na área da 16ª CRE ocorre em Coronel Pilar, onde o município teria condições de investir em melhorias em uma escola estadual, mas não pode fazer por questões legais”, conclui o coordenador.

Escolas à espera

Como em anos anteriores, várias escolas da rede estadual de Bento começaram o ano com carências de professores em algumas disciplinas. No Bom Retiro, por exemplo, faltam docentes para aulas de biologia para turmas da tarde e física para turmas da noite. No Mestre Santa Bárbara, as ausências são em português e inglês para o turno da tarde. Na Escola Bento, entretanto, segundo a direção, o quadro está completo, dependendo apenas de alguns ajustes internos da carga horária de cada profissional. No ano passado, a instituição chegou a encarar dois meses sem docentes em algumas disciplinas.

Matrículas em 2013*

Educação Infantil: 523
Ensino Fundamental – Séries Iniciais: 5.653
Ensino Fundamental – Séries Finais: 6.388
Ensino Médio Politécnico: 6.261
Ensino Médio – 3° Ano: 2.109
Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Fundamental: 1.047
Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Médio: 968
Total: 22.949 alunos

*Do total, 523 alunos são portadores de necessidades especiais. Os números de 2014 ainda não foram fechados. Fonte: 16ª CRE


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