Registros de inadimplência no SPC caem 5,6%

A crise econômica do ano passado pode ter sido responsável por um aumento na consciência na hora de o bento-gonçalvense abrir a carteira e contrair novas dívidas. Mesmo com o crescimento do montante acumulado por dívidas dos consumidores com o comércio – de R$ 11.032.438 para R$ 11.269.781,99 –, o dado relevante é que houve queda em outros indicadores. Os números da inadimplência em 2017, divulgados pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), revelam pouca variação se comparados aos registrados em 2016. 

Embora a inadimplência tenha crescido 2,2%, houve redução de 5,6% nos registros do SPC, com destaque para a diminuição dos inadimplentes que pagam com cheque: queda de 20,6%. “Isso demonstra que temos menos consumidores devendo na praça, o que é muito bom. Por outro lado, os valores registrados cresceram. Ou seja: o devedor está inadimplente por deixar de pagar as contas mais altas”, explica o presidente da CDL-BG, Marcos Carbone. 


 

Os dados representam apenas dívidas contraídas no município. Débitos com empresas de telefonia, bancos ou operadoras de televisão e internet não são computados na soma geral, mesmo que o contribuinte esteja inscrito no SPC por conta deles. Entretanto, esse tipo de pendência constará no sistema caso o lojista faça a consulta. A ferramenta é disponibilizada aos 600 associados do CDL-BG, que, juntos, conforme o presidente, concentram cerca de 80% do faturamento global do comércio do município. A entidade, por questões estratégicas, não divulga o número total de CPFs e CNPJs inscritos no SPC.

Desde setembro do ano passado, a prefeitura de Bento Gonçalves passou a cadastrar no SPC os contribuintes em débito com o município. Esse pode ter sido um dos fatores que fizeram com que aumentasse o valor geral devido. Ao mesmo tempo, houve crescimento no valor médio devido: considerando apenas os devedores de tributos, a média é de R$ 1.057. 

A redução dos registros pode ser consequência, também, da mudança de comportamento dos lojistas na hora de analisar e conceder crédito. “Temos trabalhado para conscientizar o comércio sobre a importância de vender bem: isso significa efetivamente receber pela mercadoria negociada. Um dos motivos que pode explicar a redução do índice de inadimplentes é que as lojas estão mais criteriosas para liberar crédito, consultando previamente os dados do cliente no banco de dados do SPC. Essa é, sem dúvida, a forma mais eficiente de diminuir os casos de inadimplência”, explica Carbone. 

O relatório compartilhado pela entidade também mostra redução significativa na contração de novas dívidas, na ordem de 23,3%, em registro feito em até um mês. Se em 2016 o índice era de 8,79%, em 2017 ele caiu para 6,74%.

Perfil dos devedores


 

As mulheres continuam liderando as estatísticas de inadimplência. Mas no último levantamento foram os homens que cresceram nesse quesito. A presença masculina aumentou 2,85 pontos percentuais de 2016 para 2017.

Quase 74% dos devedores no comércio têm idade entre 30 e 64 anos – ao contrário de períodos de aquecimento da economia, quando a maior fatia era na faixa abaixo de 30 anos. Entretanto, os idosos a partir de 65 anos formam a faixa etária que teve maior crescimento como público devedor, passando de 11,78% para 13,17%.