Remoção de famílias da Lajeadense será revista

A burocracia deve retardar ainda mais as obras de revitalização do bairro Municipal, onde, desde 2010, a prefeitura promete e projeta investir mais de R$ 11 milhões em diversas ações para melhorias em infraestrutura. Apesar de o início dos serviços ter sido autorizado oficialmente em março de 2012, quase dois anos antes o Poder Público já trabalhava em intervenções emergenciais na rua Lajeadense, um dos principais pontos da proposta que tem recursos federais. Depois da canalização de esgoto e do alargamento da via em alguns trechos, entretanto, as obras pararam.

A administração admite agora a possibilidade de rever a quantidade de famílias que devem ser transferidas da rua para algumas das 80 novas unidades habitacionais, que serão erguidas em futuros edifícios e sobrados. Inicialmente, seriam cerca de 20 – a intenção, entretanto, é reduzir o máximo esse grupo, o que também exigiria uma readequação do projeto original, no qual constava a ampliação da largura da Lajeadense para sete metros de pista e dois de calçada. Até o final de fevereiro, as adaptações serão remetidas à Caixa para análise.

A construção das novas moradias, por sua vez, também não está sendo encaminhada de forma tão tranquila: o empreendimento dependerá de uma sondagem do terreno em que foi iniciado e pode ter alterações. O trabalho será contratado por R$ 15 mil pela prefeitura e já está com licitação aberta. “A partir daí, provavelmente, teremos que readequar parte das construções”, adianta o secretário de Governo, Cesar Gabardo.

Projetos 

Ao longo de 2013, o Executivo alegou ter recebido projetos deficientes da gestão anterior, e divulgou que apenas aproximadamente 2% dos recursos já teriam sido aplicados. A retomada das obras chegou a ser anunciada para o ano passado, e tinha a construção do novo Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ceacri) como prioridade. O processo licitatório para a instalação do espaço, contudo, teve a participação de apenas uma empresa, que trouxe uma proposta superior ao valor de R$ 1,1 milhão estipulado no edital.

Por fim, outras duas ruas que também esperam obras de saneamento e pavimentação estão reféns da burocracia. De acordo com Gabardo, os projetos para ações na rua Gema Piva e na Volmir Capello foram entregues à Caixa em 16 de dezembro, mas ainda não receberam autorização para a abertura de licitação. Nesse meio-tempo, a empresa que realizava o trabalho social na comunidade desistiu da tarefa.

Espera e reclamações

Na manhã da última terça-feira, 11, o próprio presidente da associação de moradores do bairro, José Natalício Rodrigues dos Santos, acompanhado de outro residente, tapava alguns buracos na rua, que aumentaram após a chuva do dia anterior. Entre uma pá e outra de terra colocada nas crateras que dificultam ainda mais o tráfego de pessoas e veículos, Santos lamentava a demora na execução da prometida revitalização da via, que após a instalação da nova tubulação de esgoto pouco avançou.

Para ele, a ideia de transferir a menor quantidade possível de famílias para outros locais seria, de fato, a melhor solução. “Se quiserem fazer como estava previsto, com os sete metros de rua e dois de calçada em toda ela, nunca vai sair do papel. Não tem como mexer com tantas famílias, até porque ainda nem tem estrutura para onde levar essa gente. Nós sabemos que isso é uma área que foi invadida, mas foi há muitos anos. O melhor agora é fazer o calçamento do jeito que der em cada parte da rua, sem tirar muitas casas”, afirma.

A rotina de consertar trechos da Lajeadense se repete praticamente toda semana, segundo Santos. “O pessoal da prefeitura até vem aqui, mas só quando a gente cansa de ligar para lá ou vai reclamar na rádio. Se não for assim, não adianta nem esperar que eles não aparecem”, desabafa.

O presidente da associação relata ainda que, de uma forma geral, a comunidade já se mostra descrente quanto às intervenções anunciadas, mas até agora não cumpridas, pelo Poder Público. “Eu, sinceramente, tento manter a confiança, mas está difícil. O pessoal daqui do bairro já nem acredita mais. O pior de tudo é que, depois de cada reunião, a gente chega aqui e diz: ‘agora vai sair’. Daí não acontece nada e quem fica como mentirosos somos nós.”, finaliza o representante do bairro, que ainda aguarda o contato da prefeitura para um novo encontro.

Avanço mínimo

O projeto de revitalização do bairro Municipal foi interrompido em outubro de 2012, após a crise gerada pela insuficiência financeira que atingiu os cofres públicos no final da gestão de Roberto Lunelli. Em junho do ano passado, sem manifestação da prefeitura após 223 dias de paralisação, a empresa que conduzia algumas das obras na comunidade solicitou a rescisão contratual e pediu ressarcimento de mais de R$ 147 mil à administração municipal. Como resposta à demora, a justificativa apresentada pelo governo foram deficiências verificadas nos projetos originais, que necessitariam de readequações. Em julho de 2013, a prefeitura anunciou que os trabalhos seriam divididos em dois lotes e a construção do novo Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ceacri) seria tratada como prioridade. Entretanto, até agora, o empreendimento está apenas com as fundações erguidas e aguarda nova licitação, já que a primeira não teve nenhuma proposta habilitada.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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