Renan Marodin: Nove anos em busca de reabilitação

Um jovem cheio de vida, dinâmico, trabalhador, torcedor fanático do Grêmio e que adorava se reunir com os amigos. Assim era Renan Marodin antes de sofrer um grave acidente de trânsito, em dezembro de 2002, que quase lhe tirou a vida. Renan, então com 17 anos, retornava de Porto Alegre depois de um jogo do seu time de coração, quando a van em que estava colidiu na traseira de um caminhão parado na pista. Com o choque, ele ficou preso nas ferragens, perdeu parte da massa encefálica e sofreu traumatismo cranioencefálico.

O pai de Renan, Rudimar, relembra o desespero ao saber da notícia: “Fiquei sabendo por um colega de trabalho, que ouviu na rádio sobre o choque entre uma van, com placas de Bento Gonçalves e um caminhão. Liguei para o hospital e eles informaram que somente sabiam sobre o acidente, mas não tinham o nome dos feridos. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que o Renan era uma das vítimas e que passava pela tomografia”, detalha. Foi quando o pior pesadelo da família Marodin iniciou. O filho mais novo estava gravemente ferido. O que os familiares de Renan não imaginavam é que, a partir desse dia, suas vidas nunca mais seriam as mesmas.

Os exames feitos logo após o acidente mostraram perda de parte da massa encefálica e traumatismo cranioencefálico. Renan permaneceu quatro meses internado, sendo 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Tacchini e outros 30 no Hospital Geral de Caxias do Sul. “Nesse período ele se alimentava somente através de sonda, necessitava de aparelhos para respirar e utilizava fraldas. Foi um momento difícil, mas aos poucos ele foi se recuperando”, conta Maria do Carmo, mãe do jovem.

Tratamento

A luta da família Marodin para melhorar a qualidade de vida de Renan começou logo após ele deixar o hospital. Em 2005, Renan e a mãe foram pela primeira vez ao hospital Sarah Kubitschek, em Brasília onde ficou internado durante 42 dias. A segunda viagem ocorreu em 2009, quando permaneceu mais 40 dias internado. “No Sarah aprendemos muito sobre como cuidar dele e quais os exercícios de fisioterapia deveriam ser feitos. Nos deram ainda uma cadeira de rodas e um andador para que ele conseguisse se deslocar sozinho”, explica Maria do Carmo. Ela ainda acrescenta que nos últimos anos, a família o ensinou novamente a falar, comer, ficar em pé e caminhar. “Ele tinha as necessidades de um bebê, tivemos que ensinar tudo novamente”, relata.

Passados quase dez anos do acidente, Renan ainda convive com várias sequelas. Possui dificuldade para falar, necessita de ajuda para caminhar e apresenta falhas de memória. “Algumas vezes perguntamos o que ele almoçou e ele não lembra, em outros momentos ele relembra de fatos que aconteceram há bastante tempo”, explica Rudimar. O lado esquerdo do corpo foi o mais afetado. “Ele ainda não mexe o braço esquerdo, faz tudo com o direito. Ele tem um grave problema no tendão do pé esquerdo, que está muito curto. Gostaríamos de levá-lo ao Sarah novamente para ver o que podemos fazer para que esse problema não se agrave, mas estamos sem condições financeiras”, comentam.

Maria do Carmo conta que o filho ainda realiza sessões de fisioterapia e, durante anos, teve acompanhamento de fonoaudióloga. “Agora somos nós que realizamos esse tipo de atendimento ao Renan. Eu permaneço 24 horas com ele, uma vez que ele é totalmente dependente de nós para tudo. Ainda necessita usar fraldas à noite e toma medicamentos para evitar que tenha crises convulsivas”, destaca a mãe.

Mudança

A família mora há um ano e sete meses em Florianópolis. A mudança ocorreu, entre outros motivos, porque um amigo da família, proprietário de uma pousada na capital catarinense, disponibilizou a piscina do local para que ele realize exercícios. “Quando levamos o Renan ao mar e a água está calma, ele consegue dar alguns passos sozinho. A água faz muito bem à recuperação dele”, relata Maria do Carmo.

Como foi o acidente

Por volta das 3h do dia 5 de dezembro de 2002, a van onde Renan e outras 12 pessoas viajavam colidiu na traseira de um caminhão. O acidente aconteceu na altura do quilômetro 11 da ERS-446, em São Vendelino. O caminhão estava parado na rodovia desde as 15h do dia anterior, devido a problemas mecânicos. Todos os passageiros da van ficaram feridos, sendo o caso de Renan e de outro jovem os mais graves. 

Entrega de uma nova cadeira de rodas

Nos primeiros telefonemas trocados com a mãe do Renan, ainda no mês de dezembro, ela informou que o jovem estava precisando de uma nova cadeira de rodas, pois a sua havia estragado. A reportagem do SERRANOSSA, durante entrevista com o músico Juarez Silva, contou sobre o caso de Renan e solicitou um apoio para adquirir uma nova cadeira. Silva, junto com um grupo de amigos, auxilia pessoas portadoras de necessidades especiais há seis anos. Prontamente o músico se dispôs a auxiliar e intermediou a doação. A entrega foi realizada na sexta-feira, dia 24, quando a família de Renan esteve em Bento Gonçalves para visitar alguns parentes e concedeu entrevista ao SERRANOSSA.

Katiane Cardoso

 

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