Retrospectiva 2011: esgotamento sanitário

De acordo com o Plano Municipal de Saneamento, elaborado na metade de 2009, até o final de 2011 Bento Gonçalves deveria ter 20% da cidade abrangida pela rede de coleta e tratamento de esgoto. O desafio era grande, já que não havia nenhuma gota de esgoto tratado no município. Findado o ano, a meta não foi cumprida. Em setembro iniciaram-se as obras para implantação da rede de esgoto. Os primeiros tubos foram assentados no bairro Santa Helena. Essas ligações levarão o esgoto coletado nas residências até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no Barracão, quando ela estiver concluída. As obras em andamento abrangem as redes coletoras e ramais da bacia do Barracão, com investimento de R$ 3,6 milhões. O fim do trabalho é previsto para agosto de 2013.

O possível atraso no cumprimento das metas já havia sido noticiado pelo SERRANOSSA em maio, devido ao prazo necessário para conclusão das obras. De acordo com o superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) na região Nordeste, Alexsander Cerentini Pacico, as obras de esgotamento sanitário são mais complexas do que as da rede de água. Apesar disso, o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Heber Moacir dos Santos, que também é presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Gestão Compartilhada – composto por membros da administração municipal e Corsan – segue otimista. “Anteciparemos as metas para os próximos anos, já que a obra completa abrange mais do que esta porcentagem estimada para cada ano”, explica.

O desafio para coletar e tratar o esgoto em Bento Gonçalves vai além da realização de obras para construção de ETEs e redes de coleta. O maior entrave que o município deve enfrentar, conforme projeta Pacico, é fazer com que a população ligue sua residência à rede de coleta.  “De nada adianta ter a ETE pronta se o esgoto não chegar até ela”, preocupa-se. Este é um debate que a Corsan enfrenta em outros municípios e também em Bento Gonçalves. Isto porque a adesão ao serviço representa um aumento de 70% nas taxas a serem pagas. Na prática, significa que se uma família gasta R$ 30 por mês com sua conta de água, aderindo ao serviço de coleta e tratamento de esgoto, a conta teria um acréscimo de R$ 21, passando para R$ 51. “Sabemos que é um custo elevado para muitas famílias, que podem optar por não tratar seu esgoto por uma questão financeira”, comenta.

Transtorno temporário

Desde que iniciou a implantação do sistema de tratamento de esgoto em Bento Gonçalves, quem reside nas regiões onde as obras estão sendo realizadas tem sentido os efeitos colaterais. Moradores dos bairros Fátima e Santa Helena relatam que chegaram a ficar mais de 12 horas sem abastecimento de água. Enquanto as obras estiverem em andamento, a falta d’água é um risco que comunidade corre. “A população precisa entender que é um transtorno temporário, que trará um benefício para a cidade toda”, explica o gerente da Corsan no município, Cláudio Ferreto.  O problema acontece, segundo Ferreto, porque ao abrir as valas para colocação do sistema de tratamento de esgoto acaba-se atingindo involuntariamente as redes de água. O tempo em que a comunidade permanece desabastecida depende do tamanho do estrago.

 

Carina Furlanetto

 

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