Retrospectiva 2011: mortes nas estradas
Apesar das inúmeras campanhas de conscientização sobre os perigos do trânsito, o número de acidentes e mortes nas estradas brasileiras vem aumentando a cada ano. Até o dia 27 de dezembro, pelo menos 19 bento-gonçalvenses perderam a vida em acidentes de trânsito. Das vítimas, 17 eram homens, com idade entre 13 e 76 anos. A exemplo de outros anos, a RSC-470 lidera as estatísticas de acidentalidade e de morte.
O trânsito de Bento ainda fez outras sete vítimas fatais, de diversas cidades do Estado, entre elas duas mulheres, que perderam a vida após o veículo em que estavam se envolver em acidente nas estradas que circundam o município.
Somente no trecho de estradas sob responsabilidade do Grupo Rodoviário de Bento Gonçalves foram registradas 29 mortes. Esse levantamento contabiliza apenas as pessoas que perderam a vida no local. As que morreram a caminho do hospital ou em dias subsequentes não fazem parte da estatística, por isso esse número pode ser ainda mais preocupante.
Além das vítimas fatais, 452 pessoas ficaram feridas. Uma explicação para aos altos índices de acidentes está na falta de atenção e excesso de velocidade de alguns motoristas. Outro fator que contribui para o aumento das vítimas do trânsito é a má conservação das estradas, que apresentam desníveis, buracos e falta de acostamento em alguns trechos.
Curvas da imprudência
Os perigos da RSC-470 foram amplamente noticiados pelo SERRANOSSA durante o ano. Em uma das reportagens, publicada em maio, um levantamento apontou que, nos cinco primeiros meses de 2011, quatro curvas acentuadas em um trecho de 1,3 mil metros foram responsáveis por pelo menos 45 acidentes. O trecho, que vai do entroncamento com a rua Antônio Michelon, no bairro Santa Rita, até o trevo que dá acesso ao Vale dos Vinhedos, através da ERS-444, é considerado um dos mais perigosos de toda a extensão da rodovia, de 245 quilômetros, e é conhecido, há décadas, como “curvas da morte”. A média é de um acidente a cada 28 metros no local.
A topografia sozinha, no entanto, não é a única causa das colisões e capotamentos. Para o Grupo Rodoviário Bento Gonçalves (GRv), a imprudência é a maior motivadora dos acidentes. “A alta velocidade dos veículos provocada pelo excesso de confiança dos condutores é, sem dúvida, a maior causa”, declara o comandante do GRv, sargento Zidemar Petry, destacando que a maioria das vítimas é formada por motoristas que conhecem bem o trecho e costumam transitar pelas curvas até várias vezes por semana. “A pessoa acha que pode vencer uma curva acentuada a 90, 100 quilômetros por hora em um dia de pouco movimento e tempo bom e, por nada ter acontecido, repetir essa velocidade em um dia de chuva em horário de pico. O resultado não poderia ser outro que não a tragédia”, alerta. O que chama a atenção também é que boa parte dos veículos envolvidos são modernos equipados com tecnologia, um motivo a mais para o excesso de confiança e a velha crença de que só acontece com os outros.
Se a alta velocidade é responsável, especialmente, pelos acidentes envolvendo veículos de grande porte, a presença de água na pista é considerada um fator determinante para tombamento e capotamento de veículos leves. “Há um ponto crítico que chamamos de aquaplanagem no quilômetro 218. Quando chove, a água fica empoçada na via, o que faz com que muitos motoristas, nem sempre em alta velocidade, acabem perdendo o controle e se acidentando”, detalha Petry. O ponto descrito pelo comandante fica em uma curva logo após a entrada do bairro Santa Rita no sentido Bento – Garibaldi, onde inúmeros acidentes nas mesmas circunstâncias já foram registrados. Outro motivo que leva muitos condutores a perderem o controle e colidirem é a falta de manutenção dos veículos, principalmente em relação a pneus que já não apresentam aderência suficiente, os famosos carecas.
Vítimas de Bento Gonçalves
Neuri Erthal Rama, 39 anos
Gustavo Drehmer, 27 anos
Ronaldo Correia da Silva, 36 anos
Antoninho Dal Mas, 65 anos
Sevério Faccio,76 anos
Édson Galiazzi, 32 anos
Renan Bongiorgno, 19 anos
Christian Dal Mas Detoni, 13 anos
Henrique Battistelo, 18 anos
Bruno Fedrigo, 17 anos
Peterson Gomes Sisty, 23 anos
José Ricardo da Silva Ramão, 39 anos
Cláudio Marcos Severo de Medeiros, 26 anos
Henrique Greggio, 58 anos
Mateus Gustavo Laurindo Dias, 18 anos
Olga Zandoná Lazzarotto, 67 anos
Ivan Rubbo, 18 anos
Sidney Gentilini, 51 anos
Tânia Maria Quimaia, 48 anos
Reportagem: Greice Scotton e Katiane Beal Cardoso
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