Revista no presídio desagrada familiares de presos

A revista severa realizada nos visitantes do Presídio Estadual de Bento Gonçalves tem desagradado alguns familiares dos detentos. Em uma denúncia recebida pelo SERRANOSSA, uma mulher, que prefere não ser identificada, questiona a rispidez dos agentes e as situações às quais os visitantes são submetidos. O diretor interino, Volnei Zago, destaca que toda revista, tanto pessoal quanto nos objetos que são levados ao interior da penitenciária, é realizada conforme portaria da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Zago assumiu o cargo provisoriamente após a saída do diretor Rosalino Carlos Vasconselos de Palma, transferido para o Presídio do Apanhador, em Caxias do Sul. 

Os apenados podem receber visitas duas vezes por semana, às quartas-feiras (média 70 visitantes) e aos domingos (110). Para entrar no local, é necessário cadastro e revista pessoal. “Os visitantes, tanto adultos quanto crianças, permanecem somente com a roupa íntima na hora da revista. Depois, passam por detector de metal e, somente nos casos em que há uma suspeita fundada, como uma denúncia, a pessoa é convidada a realizar um exame mais minucioso”, descreve. As crianças precisam estar acompanhadas por um adulto nesse processo. O exame pode ser realizado tanto através da chamada revista íntima, quanto por meio de encaminhamento ao Departamento Médico Legal (DML). “A pessoa precisa passar pela revista íntima somente quando há suspeita de que ela possa estar carregando algo ilícito”, explica. Zago ainda diz que a portaria define que o ingresso do visitante pode ser negado caso ele não concorde em realizar o procedimento.

É justamente a revista íntima que causa a maior polêmica. “Somos obrigadas a tirar a roupa, além de fazer três agachamentos de frente e de costas e abrir as nádegas. Essa é a parte mais humilhante em todo o procedimento”, conta a denunciante. Segundo ela, durante a espera para entrar, já presenciou várias pessoas sendo impedidas de visitar o familiar por não conseguirem passar por esse procedimento em função de limitações físicas. A mulher também reclama da grosseria de alguns agentes. “O apenado já esta pagando pelo que fez, não precisa os familiares serem tratados dessa forma”, queixa-se.

Conforme Zago, que também foi chefe de segurança nos últimos dois anos, o último flagrante de um visitante tentando transportar algo ilícito para dentro da penitenciária foi feito há dez meses.

 
Objetos e mantimentos

Além das queixas sobre o processo de revista, a denúncia feita ao SERRANOSSA também envolveu objetos e mantimentos que não seriam entregues aos presos. “As visitas são realizadas sempre à tarde, pela manhã, temos que entregar no máximo dez itens e, mesmo assim, muita coisa não entra. Cigarro do Paraguai, roupa escura, frutas cítricas, tênis com solado mais alto, bolacha recheada, por exemplo, não entram. Além disso, tudo tem que ser levado em embalagens transparentes. É um sacrifício, pois nunca sabemos o que vai entrar ou não”, relata.

A explicação para essas atitudes, segundo o diretor interino, está nas normas estabelecidas pela Susepe, que visam justamente evitar que sejam levadas armas, drogas ou outros materiais que possam comprometer a segurança. “Quando a pessoa é presa, é entregue aos familiares uma cartilha com as normas que devem ser seguidas. Seguimos a portaria à risca, não podemos fazer nenhuma distinção entre os visitantes”, enfatiza.

Caso um visitante seja flagrado descumprindo uma das normas e regulamentos estabelecidos pela Susepe, pode ser proibido de realizar a visita no dia ou até em um prazo maior, que varia de 30 a 180 dias. Em casos mais graves, também é possível a proibição do direito de frequentar o presídio.


Reportagem: Katiane Cardoso

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA