Rodovias: Estado surpreende com novas promessas

Ainda às voltas com as incertezas provocadas pelas contradições e falta de respostas do governo do Estado, lideranças da Serra voltaram a ser surpreendidas nesta semana com duas novas promessas de obras rodoviárias que abrangem Bento Gonçalves. A primeira é a retomada, na próxima quarta-feira, 27, dos trabalhos do Contrato de Restauração e Manutenção das Rodovias da Região da Serra (Crema/Serra), que foi assinada ainda em julho, mas não avançou na execução. A segunda, e talvez mais inesperada, foi o anúncio de duplicação da RSC-453 no trecho costeiro ao município e a construção de um viaduto no entroncamento da pista com a ERS-444, no Barracão.

A proposta, ainda sem detalhes, foi apresentada pelo secretário estadual de Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues, em passagem por Caxias na última terça-feira, 19. Na ocasião, o representante do Poder Executivo gaúcho também informou que o projeto prevê a instalação de lombadas eletrônicas, tachões, pintura de eixo e bordas e sinalização no km 118, próximo ao acesso a Farroupilha.

Para o presidente da Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICs Serra), Ademar Petry, a novidade, importante para a região, ainda não pode ser comemorada. Na opinião dele, nem mesmo o anúncio de reinício do Crema/Serra, que teve até agora apenas serviços de limpeza e roçada, é confiável. “Há um descrédito muito grande na região porque esse anúncio foi feito em outubro do ano passado. E por mais que cobremos, o Estado tem o hábito de não nos dar retorno. Então, nós agradecemos a promessa, mas queremos ver obras”, critica. Na RSC-470, as intervenções abrangem o trecho que vai de São Valentim a Nova Prata, com pouco mais de 57 quilômetros de extensão.

Quanto ao novo viaduto e à duplicação, Petry é ainda mais cético e diz não entender as estratégias apontadas pelo Estado. “Se esse trevo no acesso ao Barracão é importante, e eu digo que realmente é, o da Telasul é várias vezes mais. Por lá, passam cerca de 25 mil veículos por dia e o número de acidentes é bem maior. Falta dialogar com a comunidade para saber quais são as verdadeiras prioridades. Mas fomos falar com o secretário e ele disse que nem sabia desse problema. Isso nos deixa realmente perplexos”, completa.

Segundo o presidente, Domingues informou que foi criado um grupo de trabalho e que o projeto para o futuro empreendimento na entrada secundária de Bento deve estar pronto até abril de 2014. “Tudo isso me pareceu muito mais uma defesa política, já visando às próximas eleições, do que uma definição. Não acredito que esse governo tenha condições de fazer qualquer tipo de projeto de duplicação, porque enfrenta um sério problema de planejamento e gestão. Acho que a ideia deles é fazer o Crema e esperar que a gente se dê por satisfeito, mas isso não vai acontecer”, acrescenta.

Novos focos

Petry afirma ainda que, daqui para frente, a cobrança por obras de maior porte na RSC-470 por parte da Cics Serra pode ser voltada ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), já que a rodovia está na última etapa do processo de reincorporação à malha da União. “O problema, nesse caso, é não termos nenhum representante político nosso. Mas vamos tentar o apoio de algum deputado para chegar ao governo federal”, conclui.

Nesta sexta-feira, 22, a entidade se reúne para discutir a mobilização que pretende desencadear nos próximos dias, de forma simultânea em vários municípios, para tentar chamar a atenção dos governantes estaduais para os problemas estruturais serranos. A primeira fase deve envolver apenas panfletagem e utilização de faixas e cartazes à beira da estrada, mas, caso não surta o efeito desejado, pode alavancar, em dezembro, o bloqueio de estradas da região.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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