RSC-470: melhorias em suspenso

Está programada para a primeira semana de março uma reunião entre a Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICs Serra) e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, em Brasília. O objetivo é reiterar a necessidade de aprovação do projeto de federalização da RCS-470 como forma de melhorar a segurança e trafegabilidade da rodovia, uma das principais – e mais perigosas – de Bento Gonçalves.

A devolução de toda RSC-470 à União é defendida desde 2011. Em junho do ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu parecer favorável à transferência, após uma série de reuniões e da manifestação de força regional expressada através do abaixo-assinado com 100 mil assinaturas.

A princípio federal, a estrada de 472,3 quilômetros foi planejada para ligar Navegantes, em Santa Catarina, a Camaquã, no Rio Grande do Sul. No entanto, o trecho de André da Rocha a Arroio dos Ratos é administrado pelo governo estadual. E é justamente esse um dos locais com mais problemas de infraestrutura e com elevadas taxas de acidentes fatais. 

Menos acidentes, mais mortes

O Grupo Rodoviário de Bento Gonçalves divulgou um levantamento sobre as taxas de acidentabilidade do trecho determinado entre a ponte do Rio das Antas e São Pedro da Serra. Em 2012, 622 veículos se envolveram em acidentes, deixando 264 feridos. O ponto positivo é que esse índice diminuiu em relação a 2011, quando foram 307 feridos em acidentes envolvendo 731 veículos. No entanto, a RSC-470 fez mais vítimas fatais em 2012: foram 17 contra 13 em 2011. “No final de novembro foi divulgado que o processo de análise estava concluido. Agora, estamos na fase da decisão política, que depende da aprovação da presidente Dilma Rousseff. Temos que conversar com deputados federais para encontrar o momento mais adequado para a cúpula dos transportes levar esse assunto à presidente”, esclarece o presidente do CICs Serra, Ademar Petry.

A comissão espera que a questão seja concluída ainda no primeiro semestre para, então, seguir com a segunda linha de reivindicação: a busca por recursos para a realização de reparos de via estrutural do trecho de André da Rocha a Camaquã. “De Montenegro adiante, a estrada carece de análise de estrutura. Depois, ao longo de 2014 e 2015, vamos trabalhar pelo trecho das curvas das Antas, que é o grande gargalo”, anuncia Petry. “Já a duplicação da RSC-470 não ocorrerá antes de cinco anos”, esclarece.

Trevo do azar

O principal trevo de ligação entre Bento, Garibaldi e Farroupilha – o entroncamento da RSC-470 com a RSC-453, popularmente conhecido como “trevo da Telasul” – é visto pelo presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Garibaldi, César Ongaratto, como o “calcanhar de Aquíles” rodoviário do município. 

No dia 18 de fevereiro, Ongarato entregou um dossiê ao diretor-geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Sul (Daer), Carlos Eduardo Vieira. Nele, estão os números levantados pelo Grupo Rodoviário de Bento Gonçalves entre os quilômetros 212 e 230 (trajeto de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa). Em 2012, aconteceram 188 acidentes no trecho, o equivalente a uma ocorrência a cada dois dias, em média.

Os argumentos levados ao Daer dizem respeito ao impacto econômico ocasionado pelo custo do transporte gerado pelas dificuldades logísticas de entrada e saída de mercadoria, e os riscos à integridade física dos usuários da rodovia. A CIC de Garibaldi alega que, diante do elevado número de acidentes, o trecho é considerado um problema de sanidade. “Somado a outros fatores, o precário estado de conservação das rodovias da região da Serra Gaúcha provoca nítida redução da capacidade competitividade das empresas aqui instaladas. Quando falamos dos nossos trevos de acesso, em especial o conhecido trevo da Telasul, a situação se agrava, pois acreditamos que, além da infraestrutura viária deficitária, temos um problema de saúde pública, pois os acidentes no local, muitos deles fatais, causam prejuízos imensuráveis a toda sociedade”, destaca Ongaratto.

As soluções defendidas são a duplicação da RSC-470, modificação estrutural no trevo e implementação de dispositivos para redução da velocidade. “O Daer prometeu apresentar um pré-projeto até o dia 15 de março. Após, faremos uma explanação à comunidade. Certamente, o projeto será emergencial e provisório, já que a elevada – obra ideal para esse trevo – só será possível dentro do traçado da duplicação”, conclui Petry. 

Trechos pertencentes à União

Do km 9,7 ao km 78,3: entrada da ERS-208/343 (Barracão) à entrada da BR-285 (Lagoa Vermelha);
Do km 91,4 ao km 106,1: entrada da BR-285 (Barretos) até Vila Turvo;
Do km 135,2 ao km 339,6: André da Rocha até a entrada da ERS-244 (Triunfo);
Do km 340,5 ao km 359,7: entrada da ERS-401 (São Jerônimo) à entrada da BR-290;
Do km 468,7 ao km 470,4: entrada da ESR-350 (Camaquã) à entrada da BR-116 (trecho municipal).

Crema Serra

Foi publicado no Diário Oficial do último dia 25, o edital de contratação de empresas para a execução de serviços de restauração e manutenção das rodovias da Serra (Crema Serra). As obras serão realizadas em dois lotes, prevendo recuperação e manutenção das ERS-324, RSC-470, ERS-122 e RSC-453, totalizando 250 quilômetros de estradas recuperadas e aproximadamente R$ 141 mil de investimento.

Reportagem: Priscila Boeira


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