Safra da uva deve ter atraso
A safra da uva de 2014 deve começar de duas a três semanas mais tarde do que em anos anteriores. O motivo seria o clima, já que a incidência de noites mais frias nos últimos meses de 2013 ocasionou um retardo no amadurecimento. O atraso, no entanto, não deve prejudicar a colheita, que tem expectativa de boa qualidade, segundo a Emater. A estimativa é compartilhada pela secretaria municipal de Desenvolvimento da Agricultura. “Ainda é cedo para falarmos em qualidade excepcional, mas certamente teremos uma superior”, afirma o secretário Thompsson Didoné.
As variedades precoces, que em outros anos já haviam sido colhidas em dezembro, devem ficar prontas na metade de janeiro. A exceção é para as plantações que costeiam o Rio das Antas, onde uvas como a Vênus e a Niágara rosada ou branca já foram retiradas das parreiras.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater Gilberto Salvador, o Vale dos Vinhedos deve liderar a produção nesta safra por ter sido um dos menos atingidos pelo forte temporal do início de novembro, que obrigou a prefeitura a decretar situação de emergência em Bento. A produção do distrito de São Pedro, no entanto, teve perdas na ordem de 40% e deve impactar os índices gerais, provocando uma redução de 11% a 15% no volume produzido pelo município, segundo cálculos da prefeitura.
As famílias residentes no distrito também têm sofrido com as consequências tardias do granizo. Os ferimentos nas videiras acabaram se tornando porta de entrada para fungos que ocasionam doenças e mais perdas.
Bom para a uva, ruim para o resto
Para o secretário, os dias secos têm beneficiado a uva por minimizar os riscos de doenças fúngicas e, ao mesmo tempo, propiciar um maior teor de açúcar. Entretanto, outras culturas, como milho, citrus e olericultura sofrem as consequências da falta de chuva. “Para algumas, só a irrigação não tem bastado. Bento tem uma área considerável de milho plantado – 900 hectares – e em parte dela os produtores precisaram fazer o replantio, porque não germinou. Nas plantações em fase de enchimento de grão, os prejuízos já estão sendo sentidos”, detalha Didoné. Por outro lado, um clima chuvoso na época de colheita da uva seria preocupante, segundo o secretário, em função do risco de apodrecimento.
Preço mínimo
O preço mínimo da uva teve um reajuste de 10,52% aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), passando de R$ 0,57 o quilo para R$ 0,63 em 2014. Foi o primeiro aumento nos últimos dois anos, o que agradou produtores e representantes da categoria. Apesar disso, o valor ainda está abaixo do custo de produção calculado pela Comissão Interestadual da Uva – R$ 0,72 o quilo –, mesmo valor estimado pelo governo, segundo o presidente Olir Schiavenin. “O fato de o governo ter chegado a um custo semelhante mostra que nosso cálculo não é tendencioso, mas baseado em coeficiente e metodologia”, argumenta.
O aumento foi comemorado. “O reajuste em si foi bem positivo, praticamente o dobro da inflação. Temos consciência de que é impossível mais do que isso em um único ano, afinal, foi acima de qualquer outro índice. O problema é que estamos defasados em função da falta de aumento nos últimos dois anos. No geral, é uma boa notícia. Foi um avanço e temos que comemorá-lo, mesmo sabendo que poderia aumentar mais. Continuaremos lutando”, anuncia o presidente.
Schiavenin lembra que os R$ 0,63 são apenas um referencial. “Conforme a variedade e o grau babo, esse valor deve ser maior”, explica.
Reportagem: Greice Scotton
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