Samu: um caso de amor e superação
O trabalho de 26 profissionais em Bento Gonçalves pode significar a diferença entre a vida e a morte de milhares de pessoas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já é realidade no município há dois anos e, nesse período, tem mudado a história de muita gente. São seis médicos, cinco técnicos de enfermagem, dez condutores e cinco enfermeiros. O que faz com que eles saiam de casa e enfrentem as mais diversas situações para auxiliar pessoas que provavelmente nem conhecem? O amor pela profissão e a satisfação em ajudar o próximo.
É com esse amor que a coordenadora de enfermagem do Samu, Marcela Dachery, diz que sai de casa, deixa sua família e vai trabalhar. “Para atuar tem que ter prazer em sentir adrenalina. A minha maior satisfação é oportunizar uma nova chance de vida e diminuir a dor de uma vítima até chegar ao hospital”, enfatiza. Marcela integra a equipe há quase dois anos e antes disso atuou como enfermeira por seis anos no hospital Tacchini. “Gosto tanto do que faço que se estou em casa e ouço a sirene, quero estar dentro da ambulância para ajudar”, descreve.
É com a mesma devoção que a técnica de enfermagem Rosani Teresinha Olivetto Fleck cumpre seus plantões. “Atuo na área da saúde desde 1999 e decidi trabalhar no Samu por acreditar ser um desafio. É uma satisfação saber que podemos, com o nosso trabalho, salvar uma vida e oportunizar uma segunda chance”, relata.
Os plantões das equipes do Samu dividem-se em duas etapas. A cada 12 horas trabalhadas, outras 36 são tiradas em folga. Durante os turnos, cinco profissionais atuam, sendo um condutor e um técnico de enfermagem na ambulância básica e um condutor, um médico e um enfermeiro, na unidade avançada.
Rotina
As equipes do Samu ocupam quatro salas junto ao Pronto Atendimento 24 horas. As ligações oriundas da cidade são direcionadas para uma central de atendimento em Porto Alegre. Com base nas informações sobre o estado da vítima e com o endereço do ocorrido, a central aciona as equipes através do telefone celular. Caso a ocorrência seja considerada simples, é deslocada a viatura básica enquanto casos mais graves são atendidos pela unidade avançada.
Os servidores possuem uma sala equipada com televisor, mesa e uma cozinha, assim como dois dormitórios. Ao toque do celular, a adrenalina aumenta. O condutor anota o local do ocorrido, verifica no mapa a localização correta e a luta contra o tempo inicia. “Não sabemos o que vamos encontrar no atendimento, as condições reais da vítima. Enquanto nos deslocamos estamos pensando em que tipo de material iremos utilizar e como abordaremos o atendimento. Temos que ter uma superação diária, seja carregando o peso dos equipamentos, subindo barrancos, no limite da nossa segurança, ou mesmo psicológica, pois em 99% dos socorros envolve dor e sofrimento”, destaca Marcela.
Mas apesar de boa parte dos atendimentos envolverem tristeza, a coordenadora relata que existem momentos de alegria também. “Uma das nossas maiores felicidades é quando realizamos um parto, seja ele em casa ou mesmo dentro da ambulância. Trazer alguém à vida é muito gratificante, assim como quando conseguimos reverter uma parada cardíaca. Verificar, no aparelho, que o coração da vítima voltou a bater é recompensador”, conta a coordenadora.
Dificuldade
Diferente de órgãos como Corpo de Bombeiros e Brigada Militar, as equipes do Samu da cidade não sofrem com os trotes. Apesar disso, o que pode atrasar a chegada das equipes ao local é a falta de descrição correta em relação ao endereço. Uma atitude simples, como a saída de um familiar ou amigo a rua para sinalizar o local, ajuda muito. “No trânsito as pessoas colaboram, possibilitando a passagem da ambulância. Nosso principal problema é não ter ninguém em frente ao local para sinalizar. Por vezes ficamos dando volta na rua, pois a numeração da casa não bate com o número fornecido à central. Acabamos ganhando tempo no trânsito, mas atrasando na localização”, enfatiza Valderez Morais, condutor de uma das ambulâncias do Samu. Em levantamento realizado pela coordenação do Serviço, o deslocamento demora em média oito minutos, mas isso depende do local onde aconteceu e do tráfego da cidade.
As equipes são acionadas através da Central ou diretamente pelos Bombeiros, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual ou agentes do Departamento Municipal de Trânsito (DMT).
Ao ligar para o socorro
*Informe o endereço correto e completo. Se possível, com um ponto de referência, como o nome de um estabelecimento. Permaneça em frente a moradia para sinalizar o local correto;
*Diga qual o estado da vítima, se ela está respirando ou não, acordada, conversando, se está executando movimentos e se possui ferimentos, entre outros. Assim, a equipe poderá ter um parâmetro da gravidade do fato;
*Não passe trotes e oriente crianças e adolescentes. Alguém pode estar precisando de atendimento naquele exato momento.
Atendimentos prestados em 2012
Constatação de óbito – 54
Paradas cardíacas revertidas – 9
Vítimas de acidente de trânsito – 754
Vítimas fatais de acidentes de trânsito – 11
Transporte de pacientes graves para outro município – 43
Atendimentos totais – 3.591
Reportagem: Katiane Cardoso
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