A idealizadora de uma das ações sociais mais antigas de Bento Gonçalves está com a saúde debilitada nos últimos meses. Marlene Lentes, criadora e coordenadora da associação Voluntários do Bairro Maria Goretti, está internada em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Tacchini, em decorrência de complicações que se estendem há cerca de seis meses.
Em julho do ano passado, Marlene deu entrada no hospital devido a uma queda que sofreu dentro de casa, na qual fraturou seu ombro, cervical e dedo do pé. Ao longo de 109 dias internada, acabou sofrendo outras complicações, como embolia pulmonar e uma necrose na perna. Segundo sua filha Rosangela, desde então, passou apenas o mês de dezembro em casa. Neste ano, ela foi novamente internada, desta vez por pneumonia e agora está na UTI em função de uma parada cardiorrespiratória, sofrida na última sexta-feira, dia 16.
Aos 75 anos, a moradora do Maria Goretti é conhecida no município pela criação, em 1989, de uma associação para arrecadação de donativos em seu bairro, os quais destina a pessoas de baixa renda. Atualmente, o trabalho é mantido por outras colaboradoras da associação, mas Marlene não deve retomar o posto. “Até antes de ficar doente, mesmo com a idade avançada, ela seguia trabalhando”, conta Rosângela.
Cerca de 200 pessoas ainda estão cadastradas para receber donativos, mas a maioria já não aparece mais na casa de Marlene, onde ainda há alguns móveis e roupas arrecadados. “Hoje, só vêm haitianos e indígenas. Os mais antigos compreendem a atual situação”, acrescenta a filha da idosa, que afirma não estimar o número de pessoas já auxiliadas pelo trabalho da mãe em mais de 25 anos.
Dedicação
Marlene Lentes nasceu em Bento Gonçalves, mas iniciou em Porto Alegre seu trabalho assistencial. Ao acompanhar o falecido marido às sessões de hemodiálise, passou a coletar remédios e roupas para os mais necessitados que faziam o tratamento. Ela retornou à cidade natal depois de ficar viúva e passou a se dedicar a arrecadar doações para doentes e pessoas sem recursos. Sua primeira ação foi no Natal de 1989. Desde então, passou a juntar em sua casa roupas e móveis, além de arrecadar ranchos, para destinar a essas pessoas.
Reportagem: Priscila Pilletti
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