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“Se já está faltando alimento, imagina produtos de higiene”, diz diretora de escola pública de Bento

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Bolsonaro vetou na semana passada medida que previa a distribuição gratuita de absorventes a estudantes de baixa renda e mulheres em situação de rua. Em Bento, prefeitura avalia distribuição do item junto às cestas básicas

Na semana passada, o veto do presidente Jair Bolsonaro em relação à distribuição gratuita de absorventes femininos gerou debates em todo o país. A medida estava presente, e era a peça-chave, no Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, que teve origem em projeto da deputada Marília Arraes (PT-PE). Apesar da sanção do programa, a retirada da medida, na visão popular, enfraqueceu a proposta e suscitou novas discussões sobre a precariedade menstrual no país. Segundo citado durante votação do projeto, estima-se que a cada quatro jovens, uma não frequente as aulas durante o período menstrual por falta de absorventes. Durante a pandemia, o problema teria se agravado.

Em Bento Gonçalves, está em tramitação um anteprojeto do vereador Davi Da Rold que visa, justamente, fornecer absorventes às jovens da rede pública do município. A proposta está sendo avaliada pelo Executivo, que já realizou um levantamento com as escolas para ter conhecimento sobre a real necessidade da medida. “O retorno foi de que pouquíssimas vezes as escolas precisaram auxiliar com doações de absorventes e as próprias instituições possuem alguns”, revelou a secretária de Educação, Adriane Zorzi.

Apesar disso, as informações da secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes) são de que, atualmente, existem cerca de 2,7 mil pessoas em situação de extrema pobreza em Bento. Dessas, 156 seriam do sexo feminino e teriam entre 12 e 17 anos, o que indicaria a importância da medida.

REALIDADE NAS ESCOLAS

A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Maria Borges Frota (Caic), Jaqueline Lima, afirma que, eventualmente, a instituição distribui absorventes para meninas que tenham esquecido o item de higiene ou tenham se pego desprevenidas. “Ou a escola compra com o dinheiro do CPM [Conselho de Pais e Mestres] ou alguma professora doa um pacote”, relata. Entretanto, ela afirma que não é uma demanda recorrente. “Até porque eu penso que, se essas crianças passam por esse tipo de vulnerabilidade, acabam tendo vergonha de pedir ajuda”, lamenta a professora.

Apesar de ser difícil desenhar a real situação dessas jovens, a diretora lembra que mensalmente são entregues cestas básicas às famílias em vulnerabilidade social em Bento, por meio dos serviços do CRAS, e que a demanda somente aumentou com a pandemia. “Então se já está faltando alimento, claro que em algum momento as famílias terão dificuldades para comprar produtos de higiene, que às vezes têm um custo maior do que a própria alimentação”, compara Jaqueline.

No Colégio Estadual Landell de Moura, a diretora Rosalice Rossetti Morbini comenta que, no momento, é difícil relatar a situação devido à quantidade de estudantes que ainda não retornaram presencialmente. Mesmo assim, ela avalia ser uma medida positiva para as estudantes de baixa renda. “Nós sempre entregamos absorventes na escola quando elas nos pedem, apesar de nunca terem relatado abertamente se a família tem dificuldade para comprar. Mas acredito que se tivesse à disposição, seria bastante válido”, opina.

O secretário de Governo Henrique Nuncio afirma que, ao encontro da indicação do vereador Davi Da Rold, a prefeitura planeja oferecer o material às famílias de baixa renda que já são atendidas com a entrega de cestas básicas, auxiliando todo o público feminino que tiver necessidade.

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