Secretaria fará levantamento de animais

A possível proibição de animais no Residencial Novo Futuro, no bairro Ouro Verde, em Bento Gonçalves, continua repercutindo. No dia 14 de outubro o SERRANOSSA noticiou com exclusividade a preocupação das entidades de proteção aos animais da região com o possível abandono de cães e gatos nas vésperas da mudança das 420 famílias para o empreendimento do Programa Minha Casa, Minha Vida. A polêmica levantada pela reportagem motivou uma reunião entre Ministério Público (MP), Secretaria Municipal de Habitação e Assistência Social (Semhas) e representantes da Associação Protetora dos Animais de Bento Gonçalves (Apabg) e da Associação Garibaldense de Proteção aos Animais (Agapa). A Semhas se comprometeu a identificar o número de animais que as famílias pré-selecionadas possuem. Os dados serão apresentados em reunião entre os futuros condôminos na próxima sexta-feira, dia 4.

No encontro, além do levantamento do número de animais, voluntárias das associações palestrarão aos novos moradores sobre a posse consciente de animais. É nesta mesma reunião que deve ser batido o martelo sobre a proibição ou não dos bichinhos no condomínio. Pelo fato dos apartamentos terem apenas 42 metros quadrados, caso sejam permitidos animais, deve haver apenas restrição quanto ao porte.

Com o número de animais em mãos, nova reunião será realizada no dia 7 de novembro. Estimativas não oficiais da secretaria dão conta de que apenas 20% dos condôminos possuam animal de estimação, entretanto este dado é incerto. Além disso, há o caso, geralmente nas áreas invadidas, de animais no entorno de residências que, embora sejam alimentados pelas famílias, não são considerados por elas como sendo de estimação. Voluntárias da Apabg dizem ter ouvido relatos de famílias que confessaram já ter abandonado seus animais com a preocupação de perder a vaga no residencial. É este tipo de situação que se busca evitar.

Secretaria admite erro

O diretor do departamento de habitação da Semhas, Volmir Dall’Agnol acredita os fatos foram mal interpretados. “Nada está definido. O que aconteceu foi apenas um estranhamento por parte da maioria dos condôminos quando foi questionada sobre a possibilidade de levar animais na mudança”, conta. A partir de então, como a maioria sinalizou não querer os pets, a secretaria passou a orientar que as famílias encontrassem uma solução para os bichos. Dall’Agnol reconhece o erro de não ter acionado as entidades de proteção antes.

A postura da secretaria é questionada pelo MP. “O município ainda não aprendeu a fazer atuação conjunta que possa direcionar o pensamento a todos os segmentos que um empreendimento afeta, evitando que, ao solucionar um problema, outro seja criado”, comenta o promotor Élcio Resmini Meneses. Ele diz ainda que embora a preocupação da prefeitura seja mesmo com os seres humanos, a questão dos animais não pode ser deixada de lado. Neste caso, ele entende que deveria haver um planejamento por parte da Semhas em conjunto com as secretarias de Saúde e Meio Ambiente, não deixando a incumbência de dar um destino aos animais apenas aos futuros condôminos.

Garibaldi

Segundo voluntária da Agapa, no dia em que a reportagem do SERRANOSSA foi publicada, oito animais foram abandonados em Garibaldi, lá deixados por veículos com placas de Bento Gonçalves. A associação acredita que podem se tratar de futuros condôminos. Dos animais abandonados, seis morreram atropelados e um dos sobreviventes ficou paraplégico.  

Apabg faz trabalho paralelo

Associação Protetora dos Animais de Bento Gonçalves (Apabg) iniciou esta semana um trabalho paralelo de conscientização. Logo após a reunião, uma equipe de voluntárias começou a percorrer áreas onde residem famílias que estão na lista de pré-selecionados para o Residencial Novo Futuro. O objetivo da entidade é orientar os donos a não abandonarem seus animais. O SERRANOSSA acompanhou o início dos trabalhos.

Já na primeira residência visitada, no bairro Licorsul, as voluntárias puderam ter uma dimensão do problema. “Quando soube do risco de não poder levar meu animal junto comigo, fiquei apavorado”, conta um dos moradores na lista dos pré-selecionados. Ele tem apenas um cachorro, entretanto, sua irmã, que reside no mesmo local e da mesma forma é candidata a uma vaga no Novo Futuro, possui três. Um deles, inclusive, foi adotado pela família há poucos dias. O animal foi deixado pra trás por outra família que também concorre à vaga. O número de animais desta família poderia ser maior. Há pouco tempo eles optaram por doar um dos seus cães, que era de grande porte, já pensando na mudança. Eles não querem, porém, se desfazer dos outros animais. As voluntárias explicaram que vão tentar auxiliar estas famílias, garantindo o direito de que possam se mudar com seus pets.

Carina Furlanetto


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