Sem consenso entre os vereadores sobre emancipação

A novela sobre a emancipação de Pinto Bandeira, que parecia ter chegado ao fim, promete novos capítulos nas próximas semanas. Isso porque os vereadores bento-gonçalvenses Adelino Cainelli (PP) e Neri Mazzochin (DEM) afirma que não vão desistir tão cedo de reverter o processo emancipatório. Na próxima semana eles prometem protocolar novamente requerimento pedindo a colaboração dos colegas vereadores para autorizar a Câmara a ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin).

Em julho os vereadores haviam aprovado por unanimidade documento que autorizava a Mesa Diretora da Casa de ingressar com a Adin. Quatro meses após a aprovação do requerimento, sem que nenhuma atitude tivesse sido tomada, na semana passada a Câmara voltou atrás e revogou o mesmo. Foram contrários apenas Cainelli e Mazzochin. Esta semana os dois protocolaram nova documentação solicitando que os vereadores novamente voltassem atrás, optando por ingressar com a ação. Desta vez, tiveram apoio também do vereador Vanderlei Santos. Mesmo assim, os três votos não foram suficientes para levar o requerimento adiante. “Aos poucos vamos convencendo os demais vereadores a se juntarem a nós”, estima Mazzochin.

Quem acompanhou de perto as decisões desta semana foi um grupo de moradores de Pinto Bandeira. Na semana passada eles também se fizeram presentes na sessão que marcou a retirada do requerimento autorizando que a Câmara ingressasse com a Adin. O objetivo da presença no plenário esta semana era agradecer aos parlamentares pela atitude de não interferir no processo emancipatório. O grupo chegou a quebrar o protocolo no início da sessão, quando duas crianças da comunidade entraram no plenário vestindo uma camiseta escrito paz e entregaram uma flor para cada vereador. Após o ato, porém, o presidente da Casa, Valdecir Rubbo (PDT) deixou claro que os moradores não poderiam se manifestar durante os trabalhos, em respeito ao regimento interno.

Falando diretamente aos moradores, Mazzochin justificou a sua decisão de ir contra a emancipação. “Não sou contra nenhum morador de Pinto Bandeira. Inclusive tenho amigos lá. O que sou contra é a perda de quase um terço do território de Bento Gonçalves”, salientou. Este aliás, é o principal argumento da Associação em Defesa do Território de Bento Gonçalves, que também não quer desistir tão cedo de reverter a emancipação. Entretanto, a associação sozinha não tem força suficiente para ingressar com Adin, e por isso em julho fez contato com a Mesa Diretora para que esta movesse a ação.

Mazzochin diz concordar com os moradores do então distrito em relação à falta de investimentos na localidade por parte da prefeitura de Bento Gonçalves. “O que a comunidade de Pinto Bandeira precisa entender é que há chance de mais investimentos pertencendo a Bento Gonçalves do que se emancipando”, acredita. De acordo com ele, o que a prefeitura de Bento poderia fazer para ajudar a desenvolver Pinto Bandeira é a construção de uma grande avenida, a exemplo da que liga Caxias do Sul a Ana Rech. “Seria bom para os dois”, acredita.

Silêncio do Executivo

Para a procuradora-geral do município, Simone Azevedo Dias Flores, a questão já é assunto encerrado por parte do Executivo. “Devemos respeitar a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STF)”, declara afirmando que o município não tentará reverter a emancipação do distrito.

Carina Furlanetto

 

Siga o SerraNossa!

Twitter: http://www.twitter.com/serranossa

Facebook: Jornal SerraNossa

Orkut: http://www.orkut.com.br