Semana do Aleitamento Materno: presente saudável, futuro sustentável

Na próxima segunda-feira, dia 1º de agosto, é comemorado mundialmente o Dia da Amamentação. Durante toda a semana, uma série de atividades envolverão gestantes, puérperas e demais interessados no tema e também em questões como parto normal e cesárea. A ação é realizada pelo Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (Numesc) e pelo Grupo de Aleitamento Materno (Gram), vinculados à secretaria municipal de Saúde.

Palestras, roda de conversa, sessões de cinema e a 1ª edição do Simpósio de Desenvolvimento Infantil e Rede Cegonha da Região, com abrangência de 49 municípios, integram a programação, que se desenvolve no Shopping Bento, no Hospital Tacchini e na Casa das Artes. O evento culmina com o 3º Mamaço, marcado para o dia 6 de agosto, a partir das 14h, no Shopping Bento. “Nosso objetivo com esta ação é mostrar que a amamentação é uma prática saudável e necessária tanto para o bebê quanto para a mãe e, por isso, pode ocorrer também em lugares públicos”, reforça a enfermeira coordenadora do Numesc, Núbia Beche, que lamenta que ainda haja preconceitos relacionados à amamentação.

Recomendações

Núbia explica que as mamas não necessitam nenhum tipo de preparação e que o indicado é apenas respeitar a pega correta. Nos grupos de gestantes promovidos pelas unidades da saúde, o tema é recorrente. Além disso, a mãe normalmente não precisa ter cuidados especiais com a alimentação no período. Mas é preciso ficar atenta se algum alimento está causando mais gases ou cólicas no bebê. Os famosos chazinhos não são indicados. “Os com açúcar aumentam as cólicas. O estômago do bebê não é preparado para digerir o açúcar que geralmente as avós e vizinhas gostam de indicar”, salienta.

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A enfermeira reforça que o leite materno deve ser o único alimento necessário até o sexto mês e pode fazer parte da vida da criança até os dois anos, complementando a alimentação. No Brasil, a amamentação é contraindicada apenas para mulheres portadoras de HIV. Casos como prótese e redução de mamas não possuem contraindicação, desde que tenha sido realizado procedimento protetor dos ductos.

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Dificuldades

É comum apresentar dificuldade para amamentar nos primeiros meses. “Alguns bebês precisam aprender a mamar, principalmente se foi oferecida a mamadeira. Por isso, indicamos o uso da colher, do copo até o bebê sugar corretamente a mama”, orienta Núbia. O estresse e a “pressão” por amamentar podem atrapalhar a produção de leite. “A mulher que amamenta precisa de uma rede de apoio neste período. Ter tranquilidade e estar empoderada de que, apesar das dificuldades (se estas existirem), conseguirá alimentar seu bebê, é fundamental para o sucesso da amamentação. Palpites sem comprovação científica e críticas não são o apoio que esta mulher precisa neste momento, fase que os hormônios ainda estão a mil”, alerta.

A quantidade de leite varia conforme a necessidade do bebê, número de sugadas e pega correta. Núbia esclarece que quanto mais a aréola o bebê abocanhar, melhor. Se ele pegar só a ponta do mamilo, a mensagem para liberação de prolactina e ocitocina – hormônios responsáveis pela produção e liberação do leite – não será transmitida ao cérebro. O tipo de parto também pode interferir. Núbia destacada ainda que não existe leite fraco. “É mito. O que existe é pega incorreta e pouca produção de leite”, esclarece. Caso a mãe tenha pouco leite, às vezes pode ser necessária a complementação da alimentação ou uso de medicamentos para aumentar a produção. “Mas deve ser a exceção e não a regra”, frisa. Na maioria das vezes, segundo ela, a livre demanda – quando, onde e quanto o bebê quiser – é suficiente. Para as mães que têm leite em maior quantidade, o excedente pode ser doado. Em Bento existe uma sala de coleta no Hospital Tacchini.

Depois de desistir por conta das dores, Amanda (sentada) voltou a amamentar a filha Fernanda com orientações dos profissionais

“É o nosso momento”

A estofadora Amanda Aires, de 25 anos, pensou que amamentar seria um ato natural após o nascimento da filha, Fernanda. Após os primeiros dias, quando a tarefa foi realizada facilmente, a menina começou a não pegar corretamente o peito, dificultando o processo. Por conta disso, Amanda começou a sentir dores e foi diagnosticada com mastite. O aleitamento foi interrompido e a pequena começou a tomar fórmula infantil. “Fiquei desanimada, porque achei que não ia conseguir amamentar. Eu ficava me perguntando ‘por que eu não consigo?’, ‘será que só eu passo por isso?’. É frustrante, a gente se sente mal”, lembra.

Foi durante a programação da Semana da Amamentação no ano passado, quando Fernanda tinha apenas algumas semanas de vida, que a história se encaminhou para um final feliz. Amanda estava passando em frente às tendas instaladas no Centro por conta da programação e foi chamada pela equipe para conversar. Com as dicas, ela aprendeu e pega correta e Fernanda, que completou um ano na última segunda-feira, dia 25, mama até hoje. “Foi um alívio, eu venci essa batalha. A melhor coisa é chegar em casa e ver que ela quer mamar. É a melhor sensação. Não é como dar mamadeira, é algo que só a mãe pode dar. É o nosso momento. Ela me olha e é como se a gente conversasse”, relata. A amamentação exclusiva – exceto no período em que a menina tomou fórmula nas primeiras semanas – foi mantida até o quarto mês, quando encerrou a licença-maternidade.

Por conta do horário de trabalho e de mudanças de endereço, Amanda não chegou a participar de grupos de gestante, o que ela acredita que poderia ter facilitado o aleitamento, principalmente pela troca de experiências. Hoje ela recomenda às amigas grávidas que se informem e pesquisem sobre a amamentação para não passarem pelas mesmas dificuldades. “A criança chora e a gente fica nervosa”, conta.

 

* A imagem que ilustra a matéria traz Nilzilene Rodrigues Monteiro com a filha Ana Beatriz Ales Monteiro. Ela foi escolhida madrinha da campanha deste ano, em concurso promovido pela prefeitura. 

(Foto: Studio Pavan)

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