Semana Farroupilha: gaúchos sem frescura
Nem mesmo a previsão de chuva e frio conseguiu espantar os tradicionalistas do acampamento farrapo levantado na Associação Bento-Gonçalvense da Cultura Tradicionalista Gaúcha (ABCTG), durante os festejos da Semana Farroupilha.
Os poucos campistas nem pensam em arredar o pé de seus abrigos cobertos por lonas encharcadas e barracas ladeadas por barro e poças. O amor declarado pela “pátria” rio-grandense fala mais alto.
O comerciante natural de Planalto, Volmir Otelakoski, de 37 anos, cresceu aprendendo a admirar a cultura gaúcha. Para ele, a programação da Semana Farroupilha de Bento deixou a desejar neste ano. Chapéus, bombachas e alpargatas voltarão, em grande quantidade, para a loja, localizada em Garibaldi. “Participo há três anos. Nesta edição o movimento está fraco. Faltou um nome forte da música tradicionalista na programação para atrair mais público”, aponta.
Os amigos Abel Giordani, 29 anos, e Marcos Sonza, de 31, decidiram usufruir as férias em grande estilo gauchesco. A opinião deles é unânime. “Neste ano postergaram a escolha dos artistas. Nem se compara com as outras edições”, analisa Giordani. “Cidades pequenas vizinhas estão dando um banho de organização”, ressalta Sonza. No acampamento dormem seis pessoas. A maioria sai de manhã cedo para trabalhar e volta somente no final do dia. A previsão do tempo não preocupa, mas também não agrada a todos. “As gurias não gostam muito da ideia de ter que dormir aqui nos próximos dias”, confessa Sonza.
O são-borjense Roger Barcelos Costa, de 23 anos, participa pela primeira vez do acampamento. Na terça-feira, dia 17, pela manhã, suas companhias eram apenas os cavalos do grupo, entre eles Colorado e a égua Serena. “Só quem convive com esses animais pode entender a relação de afeto que homem e animal constroem”, assegura.
Logo em frente, Ivone Fátima Martins de Quadros preparava o almoço para dez pessoas. No fogo de chão borbulhava uma panela com carne de gado que seria a base para a tradicional “vaca atolada”. Para acompanhar, arroz e salada de radiche. “Sempre acampamos durante a Semana Farroupilha e nos divertimos bastante. Aproveitei o fogo para secar as alpargatas”, aponta sorrindo.
O que diz a ABCTG
O presidente da ABCTG, José de Cástria, diz que o valor repassado à entidade neste ano pela prefeitura foi um dos fatores que colaboraram para uma programação com atrações locais. Mesmo assim, na visão dele, há várias opções para o público. “Com certeza, se o governo estivesse financeiramente melhor, teríamos shows com grandes nomes estaduais do tradicionalismo, mas não adianta contratar sem ter como pagar. Um show desses custa mais de R$ 15 mil. Sei que o pessoal estava acostumado, só que neste ano não foi possível”, alega.
Segundo o secretário municipal de Finanças, Marcos Fracalossi, a verba municipal destinada para a Semana Farroupilha deste ano totalizou R$ 40 mil. O valor corresponde à contratação de shows, impressão de material gráfico, transporte de crianças, organização, limpeza e segurança. “Não temos um número exato do que foi repassado no último ano, precisaríamos compilar os gastos com todos os fornecedores. A informação extraoficial é de que foram cerca de R$ 110 mil”, diz.
Programe-se
Sexta-feira, dia 20
9h – Cavalgada Gaúcha. Concentração: Largo da Estação Férrea. Início: igreja Cristo Rei
11h – Chegada da Cavalgada na ABCTG
11h15 – Momento Cívico
12h – Almoço de confraternização na ABCTG
19h – Abertura do 1º Encontro da Mulher Tradicionalista na Casa das Artes
23h – Baile com animação dos Irmãos Nunes na ABCTG
Sábado, dia 21
10h – Abertura da 3ª Copa de Laço
12h – Almoço em homenagem a Mulher Tradicionalista
23h – Baile de integração dos CTGs com o grupo Chama Nativa na ABCTG.
Domingo, dia 22
Das 9h às 16h – 3ª Copa de Bento Gonçalves de Laço
Segunda, dia 23
10h – Encerramento dos Festejos Farroupilha com extinção da Chama Crioula.
Reportagem: Priscila Boeira
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