Sementes de bondade

Freud, em determinada ocasião, disse que “em uma brincadeira pode-se dizer qualquer coisa. Até a verdade”. Nós mesmos já ouvimos dizer que “em toda brincadeira tem um fundo de verdade”.

Aliás, que eu me recorde, a primeira vez que eu ouvi isso foi de uma colega de colégio, no primeiro ano do segundo grau, hoje equivalente ao nono ano, e que é uma grande amiga até hoje. Isso se deu em uma daquelas piadinhas de adolescente, naquelas brincadeiras do tipo eu só vou se você for, em um flerte dela com um colega nosso, que hoje, se não me engano, mora na Inglaterra.

Pois bem! Naquela época, não passou de uma brincadeira. Brincadeira essa que, anos depois, tornou-se verdade. Acabaram juntos por um tempo. O tempo que teve que durar. O tempo em que um tinha a ensinar para o outro a lição para a qual a vida lhes colocou no mesmo caminho, o tempo em que a vida quis que os seus caminhos cruzassem. O tempo em que um tinha ainda algo para aprender com o outro. 

Sempre aprendemos uns com os outros. Sempre saímos melhores de uma relação, seja ela de que natureza for, na medida em que todas elas servem para o nosso aprendizado. A diferença, sempre, é como lidamos com ela.

E a forma como passamos adiante esse aprendizado é determinante. Ora, se nascemos bons por natureza, segundo Jean-Jacques Rousseau, e é a sociedade que nos corrompe, estaríamos, então, retrocedendo?
Penso que não! Penso que nosso instinto de defesa é que, às vezes, nos faz falar ou fazer coisas que não traduzem aquela bondade que nos é intrínseca, desde o nascimento. 

E por quê? Penso que seja porque não aprendemos a lidar com as coisas de maneira correta.

Eu já disse aqui que tenho a sorte de ter somente os bons por perto. E é por isso que, a cada dia, penso que estou melhor. Eu me sinto melhor. Acho até que ajo de maneira melhor. Aliás, quem me conhece há bastante tempo sabe que já fui bem mais impulsivo do que eu sou hoje. Hoje consigo medir mais as palavras que são ditas. Aliás, a verdadeira sabedoria nem sempre está no silêncio, mas em saber dizer qualquer coisa de tal forma que a outra pessoa fique feliz em ouvir, por pior que seja a crítica ou a notícia. 

Certa vez, em um desses calendários de autoajuda, li uma frase, escrita em espanhol, que dizia: “as sementes de bondade sem dúvida dão bons frutos”.

Marshall Bertram Rosemberg – e eu acho que já falei dessa obra aqui –, em sua “Comunicação não violenta” nos ensina bem isso. Em resumo, e para o que nos interessa aqui, ensina ele, lecionando sobre cooperação, que podemos dizer o que quisermos, desde que o façamos com amor.

Uma palavra dita é como uma flecha. Ela nunca volta atrás. Então, diga o que quiser, mas diga com amor e estará plantando uma semente de bondade no coração do outro. 

Até a próxima!

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