Serra deverá permanecer na vermelha, mas bandeira preta não está descartada
A Serra Gaúcha ficou a apenas 0,1 ponto de migrar para a bandeira preta no modelo do Distanciamento Controlado do Estado na semana passada. Isso porque, ao avaliar os 11 indicadores estipulados para o modelo, o governo chegou à soma de 2,49 pontos – a partir de 2,50, a região entra para a cor preta. De acordo com a voluntária no Observatório Regional de Saúde e integrante do Comitê Técnico Regional, Marijane Paese, o que manteve a Serra na vermelha foi o indicador do estágio de evolução – o número de casos ativos sobre o número de recuperados – e a manutenção do índice dos leitos livres no estado. Todos os demais indicadores ficaram em cor preta.
“Os indicadores de hospitalizações em geral, internações em UTI (confirmados e suspeitos), leitos clínicos COVID e UTI ocupada COVID, têm a mesma medição: para ficar em amarelo, eles devem ter registrado variação de apenas 5% de uma semana para outra. Para ficar no laranja, variação de 10%. Em vermelho, variação de 10 a 25%. E, acima disso, a classificação é preta”, explica.
Nesta semana, entretanto, os números melhoraram no cenário regional. De acordo com Marijane, o reflexo dos últimos dias possibilitou que entrassem para a conta um maior número de pacientes recuperados. “De julho para cá estamos com um percentual de hospitalizações menor. Temos mais infectados, mas menos casos graves”, afirma. De acordo com a voluntária, o que se observa nesta semana é uma estabilização nas internações em UTI, mas um aumento considerável nas internações em leito clínico – com indicador preto.
Mesmo assim, a expectativa é que a região continue em bandeira vermelha na próxima semana. O anúncio do mapa preliminar será feito nesta sexta-feira, 18/12. “Percebemos que as pessoas estão procurando o atendimento mais rapidamente. Antes, muitos tinham receio de procurar ajuda, com medo de se contaminarem. A gente ressalta a importância desse atendimento precoce, principalmente para quem tem sintomas como falta de ar, oxigenação baixa e febre. Isso porque 50% daqueles que internam em UTIs acabam morrendo. Já o percentual reduz para 15% quando falamos das internações em leitos clínicos”, ressalta Marijane.
Questionada sobre a possibilidade de bandeira preta no final de ano, Marijane acredita que a tendência a partir de agora seja de baixa. “A não ser que tenhamos uma surpresa muito grande. Na semana passada, por exemplo, tínhamos a ideia de que havia apenas 13 pessoas daqui internadas em outros hospitais. Mas o que está acontecendo é que os moradores da Serra estão procurando procedimentos fora daqui e acabam utilizando leitos de UTI. Isso diminui a contagem de leitos livres para a região”, explica. A voluntária ainda revela que a Serra passou a contar com mais 15 leitos de UTI nesta semana, tendo em vista que outros 10 foram abertos no Hospital da Unimed e outros cinco no Hospital Geral, todos em Caxias do Sul. “Mas essa deve ser nossa capacidade máxima, porque os hospitais têm nos passado que está sendo difícil conseguir equipe para atuar nesses leitos. Por isso, os números precisam estabilizar”, comenta. “150 leitos ocupados pode ser que seja alto, mas se estabilizar assim, aí teremos 20 altas, 20 entradas e mantém esse nível sem problemas de chegar a uma bandeira preta”, continua.
Em entrevista ao jornal SERRANOSSA, o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, reforçou que a bandeira preta não significa lockdown – ou seja, fechamento de todas as atividades. “Representando o risco epidemiológico altíssimo, a cor preta significa que tanto a capacidade hospitalar como o contágio por Coronavírus alcançaram níveis críticos nas regiões. Por isso, indica a necessidade de cuidados mais rígidos do que os já adotados na bandeira vermelha”, explica. “A gente tem que continuar se cuidando, porque além do mal que a COVID-19 faz à saúde das pessoas, ela ocupa muito nosso leito hospitalar”, reforça.