Setor gastronômico desiste de abrir as portas em horários não permitidos pelo decreto estadual

Há duas semanas, o setor gastronômico de Bento Gonçalves anunciou que mais de 50 estabelecimentos abririam suas portas à noite, no feriado e neste final de semana, descumprindo o decreto estadual. A iniciativa tomou tanta força que outras cidades gaúchas aderiram à ideia, como protesto de estar há mais de meses sofrendo com as restrições impostas pelo governo do Estado.

No entanto, em reunião realizada na tarde de quarta-feira, 31/03, representantes do setor decidiram “dar mais uma chance para o governo do Estado”. De acordo com Ronei Fernando da Silva, proprietário de uma pizzaria em Bento, o setor tem acompanhado com muita atenção a situação da pandemia na cidade e observou uma leve redução no número de internados, bem como o avanço da vacinação. “Vamos dar mais esse voto de confiança e permanecer fechados até o próximo dia 04/04, e aguardar a nova decisão do Estado. Organizamos esse movimento por pura sobrevivência, tem muitos restaurantes que estão fechando as portas e a situação está insustentável”, desabafa Ronei.

Um dos motivos que levou à desistência da abertura nos horários não permitidos pelo decreto foi a iniciativa de alguns restaurantes em colocar placas pedindo a “intervenção militar com Bolsonaro no poder” e “destituição do STF”. Imagens e uma lista com estes locais viralizaram nas redes sociais e geraram críticas de boa parte da população. Ronei explica que alguns empresários confundiram o movimento verde-amarelo com o movimento de sobrevivência dos estabelecimentos. “Alguns empresários colocaram as placas no calor da emoção e depois se arrependeram e hoje estão sofrendo as consequências desta ação. A maioria não quer briga política, a gente só quer trabalhar para sobreviver”, pontua.

Na tarde desta quinta-feira, 01/04, o governo do Estado autorizou a abertura dos serviços considerados não essenciais, das 5h às 18h, neste sábado, 03/04. Na próxima segunda-feira, 05/04, o governador irá se reunir com entidades e prefeitos para definir as novas flexibilizações.