Setor moveleiro entra em 2015 com cautela
Após fechar 2014 com índices que, mais uma vez, colocaram o segmento em alerta, o setor moveleiro de Bento Gonçalves pretende encarar, neste ano, um cenário de cautela e busca de alternativas para desviar da crise. Um dos dados que mais abalou o ramo ao longo dos últimos 12 meses foi a queda nas exportações no polo local, que declinaram 13,4% na comparação com 2013.
Na avaliação do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), além da baixa na comercialização para o mercado externo, a absorção cada vez maior de produtos importados, como os chineses, também tem sido responsável por deixar o ramo em estado de preocupação. “O primeiro resultado negativo na Balança Comercial brasileira em 14 anos, ocorrido em 2014, é alarmante e resulta da perda de competitividade do Brasil nos últimos anos e da paralisia em torno dos acordos comerciais e facilitação do comércio internacional”, analisa o presidente da entidade, Henrique Tecchio.
O empresário garante, contudo, que a indústria não pode se abalar e se tornar vítima da estagnação. Como alternativa para contornar o momento ruim, está, principalmente, a aposta em negócios com países que também têm registrado elevação em suas importações, como vizinhos da América Latina e parceiros da África. “A diversificação de mercados e a busca por novas oportunidades, bem como a intensificação de ações em mercados de alto crescimento, são essenciais para manutenção e incremento das exportações do setor. Nesse sentido, o Sindmóveis, por meio do seu Comitê Internacional, tem como objetivo incrementar os negócios e aumentar a competitividade das indústrias”, completa Tecchio. Um dos caminhos é promover um Projeto Comprador com foco justamente em nações latino-americanas e africanas.
As cobranças junto ao governo federal também deverão ser mantidas neste ano, garante o presidente do Sindmóveis. “Esperamos que o governo seja ativo e busque uma ampla agenda de facilitação de negócios, redução significativa da burocracia e diminuição da carga tributária, bem como previsibilidade em longo prazo”, finaliza.
Movergs
Para o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan, é importante contrapor o desempenho de Bento Gonçalves com os números do Estado: o comparativo de 2014 com 2013, as exportações gaúchas tiveram crescimento de quase 3%. “Isso porque, em primeiro lugar, o destino das vendas gaúchas no mercado global são economias em fase de recuperação e aquecimento, como Estados Unidos e Europa, por exemplo. Depois, há uma diferença no tipo de produto comercializado. Não são commodities, na maior parte”, detalha.
Apesar da queda de 2,8% na produção no último ano, Cansan estima que os moveleiros tenham condições de reverter a baixa, alcançando, até dezembro, um aumento produtivo de 3% a 5%. Tudo dependerá, entretanto, de redução de custos, adoção de soluções inovadoras e oferta de serviços de qualidade.
Na visão de Cansan, em 2015, a exportação deve ganhar força em função do câmbio favorável e do desaquecimento do mercado interno. “Mas, para isso, é necessário que o governo ofereça condições favoráveis para as empresas trabalharem com exportação e ajudarem o país a reconquistar saldo favorável na Balança Comercial”, conclui o presidente da Movergs.
Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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