Seu filho está viciado na internet?

Em mundo globalizado e cada vez mais conectado, é quase impossível proibir crianças e adolescentes de usarem a tecnologia. Porém, se seu filho fica excessivamente preocupado com o sinal do wi-fi quando sai de casa, sente necessidade cada vez maior de estar conectado, anda muito irritado ou depressivo, apresenta ataques de ansiedade quando não pode usar o celular, passa mais tempo on-line do que em passeios ou com os amigos e mente sobre o tempo gasto com a internet, atenção! 

Esses podem ser indícios de que a dependência da internet está se instalando. Segundo um estudo publicado no “Cyberpsychology, Behavior and Social Networking”, que avaliou 89 mil pessoas em 31 países, a dependência da internet afeta cerca de 6% da população global.

 Para a neuropsicóloga Thaís Quaranta, os pais realmente precisam prestar mais atenção na questão do uso da tecnologia pelos filhos. “As crianças e adolescentes costumam adotar os padrões de comportamentos da família, ou seja, dos pais. Assim, se os pais usam demasiadamente o celular, a internet, as mídias sociais ou até mesmo o videogame, estão contribuindo para que o filho siga este mesmo padrão”, comenta.

O grande problema, de acordo com a neuropsicóloga, é que um cérebro em formação é mais vulnerável à dependência. “Depressão, isolamento social, ansiedade, distúrbios do sono, déficit de atenção e queda do desempenho escolar. Todas essas condições podem ser causadas quando o uso da tecnologia ultrapassa os limites”, explica Thaís. 

Outro ponto é que houve uma mudança importante relacionada à inversão da hierarquia geracional. “Hoje, as crianças e adolescentes já nascem em um mundo altamente tecnológico. É muito comum que ensinem os pais a usarem o celular, o computador e outros dispositivos. Esse conhecimento digital pode criar um ambiente familiar menos equilibrado, dificultando que os pais delimitem o uso da tecnologia, pois perdem a autoridade”, diz. 

Pais precisam se empoderar
O mais importante é que os pais, em um primeiro momento, avaliem o próprio comportamento em relação ao uso da tecnologia. Não é possível exigir da criança ou do adolescente um modelo diferente daquele que existe. "Isso quer dizer que se os pais usam o celular na hora das refeições em família, por exemplo, e dedicam mais tempo para a tecnologia do que para os próprios filhos, a mudança precisa começar por eles. Depois, é fundamental retomar a autoridade e impor limites. Crianças e adolescentes precisam disso”, ressalta Thaís.