Sindicato patronal deve ser criado em agosto

Até agosto, os produtores rurais da região poderão ter uma nova entidade para atuar em defesa do setor. Desde junho, uma comissão provisória tem debatido em comunidades do interior e de municípios vizinhos de Bento Gonçalves o projeto de criação do Sindicato Patronal Rural (SPR). Nesta semana, o grupo apresentou a proposta na Câmara de Vereadores.

O principal objetivo do novo órgão é fazer com que os donos de propriedades, muitos hoje vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), tenham uma representatividade mais direta para a categoria, fortalecendo o meio rural local. “Não temos aqui quem defenda o produtor. O que queremos é dar outra opção, mas também trabalhar juntos em benefício do agricultor”, explica o vice-presidente da comissão, Elson Schneider.

A intenção inicial era ter o sindicato já estabelecido ainda em julho, mas as negociações com empresários e Poder Público levantaram a necessidade de uma discussão um pouco mais ampla. Outro motivo foi a mudança, por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), das regras para a concessão de registro para novos sindicatos, que endureceram o controle sobre a implantação das entidades. “O que vai fazer a diferença é criarmos algo realmente organizado, que é o mais necessário agora. Temos que entrar com algo bem fundamentado, para evitar problemas depois”, completa.

Além de Bento, também estarão representados os municípios de Carlos Barbosa, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza. Ao final das visitas – que estão ocorrendo a cerca de 30 localidades –, cada uma das cidades deverá sediar um encontro para discutir o assunto.

Orientações

Segundo Schneider, os produtores rurais da região carecem de orientações para a condução das suas atividades, lacuna que o novo sindicato poderia ajudar a preencher, com acompanhamento técnico e jurídico, por exemplo. Uma situação que evidencia a falta de informação, de acordo com o vice-presidente, é o fato de muitos agricultores ainda não estarem preparados para o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que terá um detalhado controle da propriedade, inclusive por meio de georreferenciamento. “É com base nesse cadastro que eles poderão tentar conseguir financiamentos ou licenciamentos ambientais. É uma questão importante, que muitos nem sabem, por isso precisam de alguém para acompanhar e orientar”, afirma.

Outra reivindicação que pode entrar na pauta, essa ligada diretamente ao cultivo do principal produto da agricultura regional, a uva, é a atualização do cadastro vitícola pelos órgãos responsáveis. Hoje, os últimos dados de produção divulgados referem-se ao ano de 2007. “Se o produtor quiser fazer um planejamento de que variedades plantar no ano, para ter mais segurança, não há como. Também temos que cobrar isso”, conclui.

A segurança das propriedades também é um tema que deve ganhar destaque, com sugestão de criação de um cadastro de mão de obra para facilitar contratações, especialmente em épocas de safra. A intenção é manter registros atualizados que permitam conhecer melhor os empregados e, além disso, agilizar a busca por trabalhadores em períodos de maior necessidade, como forma de profissionalizar o setor gradativamente.

Mais proteção

Para Cedenir Postal, que cultiva hortaliças comunidade de São Luiz, no Vale do Rio das Antas, e que hoje também está vinculado ao STR, a fundação do novo sindicato pode garantir mais força para o setor. “Os dois são importantes, quanto mais entidades do lado dos agricultores, melhor. Mas hoje é um pouco confuso, porque um sindicato defende patrão e empregado ao mesmo tempo”, argumenta Postal.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também