Sobram vagas para deficientes auditivos no EM

Um velho gargalo da educação de Bento Gonçalves foi sanado há dois anos com a autorização para que o Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles oferecesse aulas para adolescentes surdos matriculados no Ensino Médio. Entretanto, a baixa procura fez com que a primeira turma sequer fosse ativada. Atualmente, crianças e adolescente têm a opção de conclusão do Ensino Fundamental na Escola Estadual General Bento Gonçalves da Silva. Entretanto, não há opção para quem queira concluir o Médio.

“Estamos com tudo pronto. Assim que houver interessados suficiente para fecharmos uma turma, as aulas podem iniciar”, explica Anaci Salton, coordenadora de Educação Especial da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE). Para ativar uma turma, são necessários, no mínimo, dez alunos. Até agora não houve nenhum inscrito. A oportunidade não é exclusiva para adolescentes de Bento Gonçalves. “Estudantes com deficiência auditiva de outras cidades também podem participar e concluir o Ensino Médio em Bento”, convida.

Integração

A Escola Bento disponibiliza salas específicas para estudantes com deficiência auditiva que cursam o Ensino Fundamental e também possibilita a inclusão deles em outras turmas. Nesse caso, o aluno é acompanhado por uma intérprete de libras.

Para a professora Marta Gallon, os alunos com esse tipo de deficiência assimilam o conteúdo com muita facilidade. “No aspecto cognitivo eles são normais. A diferença é que temos que trabalhar com o foco na necessidade de cada um. Eles são muito inteligentes, centrados e não se distraem com facilidade como as outras crianças”, descreve Marta. Ela está se aperfeiçoando na linguagem há cinco anos e deve concluir a segunda pós-graduação na área em breve. Na Escola Bento, ministra aulas para os alunos do 4º ano no período da manhã e atende crianças na sala de recursos de educação especial à tarde. Além disso, a professora também atua como intérprete para um aluno do 1º ano do Ensino Fundamental. 

Marta conta que o objetivo central das aulas é a integração dos estudantes com a sociedade. Boa parte dos materiais utilizados por eles é confeccionada pela própria professora. “A escola é bastante acessível com relação a cópias e outros materiais, assim como disponibiliza um computador para que eles possam desenvolver a aprendizagem”, destaca. A profissional ainda enfatiza que a interação entre seus alunos e os demais estudantes da escola é realizada de forma natural e que isso auxilia no desenvolvimento das crianças. “É uma nova descoberta para eles, que constroem a aprendizagem e são cada vez mais aceitos. As pessoas estão começando a entender que necessitam saber a linguagem de sinais”, comemora. 

Projeto

Está em tramitação no Senado um Projeto de Lei que visa a obrigatoriedade da oferta do ensino de Libras para todos os estudantes do Ensino Fundamental e Médio das instituições públicas e privadas. O PL 2040/11 propõe ainda que as escolas reservem pelo menos uma vaga para professor com deficiência auditiva. Se virar lei, as escolas terão prazo de três anos para cumprir as exigências.


Contato

Os interessados em realizar a inscrição para a turma de estudantes com deficiência auditiva do Ensino Médio podem comparecer à sede do Instituto Cecília Meireles (rua Garibaldi, 451, bairro São Francisco) ou buscar informações junto à 16ª CRE, através do telefone (54) 3455 0500.

Empecilhos na formação

Apesar de as escolas de Bento Gonçalves possuírem número suficiente de profissionais para atender a demanda, na avaliação da coordenadora de Educação Especial da 16ª CRE, Anaci Salton, outros profissionais que teriam interesse acabam enfrentando empecilhos. É o caso do alto custo dos cursos de aprimoramento na Língua Brasileira de Sinais (Libras). “O governo às vezes oferece a qualificação de forma gratuita, mediante a certeza de que o profissional que participar assuma o compromisso de trabalhar com essas crianças”, conta. Para a professora Marta Gallon, o custo acaba sendo um dos principais empecilhos da inclusão. “Além dos cursos não serem acessíveis a todos por serem caros, falta tempo para que outros professores possam se especializar nessa área”, avalia.


Reportagem: Katiane Cardoso

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