Solidão é vilã da depressão pós-parto

A gravidez é uma fase de muitas mudanças para o casal, especialmente para a mulher. Além das alterações físicas, hormonais e do desconforto, elas ainda sofrem com a ansiedade em função da chegada de um filho. O impacto da gravidez pode resultar em um processo chamado de depressão pós-parto. Por isso, os cuidados dedicados às gestantes devem se estender também depois da chegada do bebê, impedindo que elas se sintam sozinhas e sobrecarregadas.

A psicóloga Patrícia Dosso, de Caxias do Sul, afirma que os principais sintomas da depressão pós-parto são o desinteresse pelo bebê, incapacidade de cuidá-lo, cansaço, irritação e tristeza. A doença normalmente se manifesta logo após o parto e melhora, geralmente, quando a mãe passa a aceitar a criança. Patrícia explica que esse tipo de depressão está relacionado com a aceitação da gravidez e pode ocorrer quando, de forma inconsciente ou não, o objetivo da gestação não é o bebê e sim outros interesses pessoais. Também pode estar relacionada com a parte química ou hormonal.   

Outro fator importante para uma gestação e pós-parto saudáveis é o acompanhamento familiar. Neste sentido, a psicóloga lembra que as mães estão cada vez mais sozinhas, as avós nem sempre acompanham e não existe mais a troca intensa de visitas, como antigamente. Além disso, muitas vezes, a nova mamãe precisa voltar logo para o trabalho, pois muitas trabalham como autônomas e não são sustentadas por seus companheiros. “A individualidade da vida atual facilita as doenças emocionais, como a depressão pós-parto”, esclarece.

A psicóloga recomenda que as mães procurem acompanhamento psicológico antes mesmo do nascimento, para falar do bebê e se preparar para a chegada dele. 


Depressão ou angústia?

Segundo a médica obstetra Kátia Vardanega, a melancolia pós-parto, chamada de “blues puerperal”, inicia, em média, no terceiro ao quinto dia após o nascimento. Os principais sintomas são: sensação de vazio, angústia, medo da noite, receio do futuro, de não dar conta do serviço, de não saber cuidar do bebê, não poder amamentar ou não ter leite suficiente.  “Esses sintomas só serão considerados depressão pós-parto se permanecerem por mais de 30 dias. Neste período, o apoio da família, principalmente marido e mãe, é fundamental, reforçando que as coisas darão certo e apoiando a nova mamãe no que for necessário”, explica a médica. Em quadros normais, esses medos desaparecem e não há a necessidade de medicação, porém em caso de dúvidas ou persistência dos sintomas é preciso consultar o obstetra.


Acompanhante no parto é direito

Estudos científicos apontam evidências de que os partos realizados com a presença de um acompanhante trazem grandes benefícios e evitam problemas à saúde da gestante. As mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm o direito de escolher alguém de sua confiança para estar presente na sala de parto e também durante o pós-parto. Esse direito é resultado de uma série de ações do Ministério da Saúde para melhorar a qualidade do atendimento às gestantes e humanizar os partos no país.

A presença do acompanhante no parto e pós-parto nas maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) é garantida pela Lei 11.108, de abril de 2005. De acordo com 14 estudos científicos brasileiros e internacionais realizados em mais de cinco mil mulheres, as gestantes que contam com um acompanhante no parto e no pós-parto ficam mais tranquilas e seguras durante o processo, podendo reduzir o tempo do trabalho de parto e o número de cesáreas.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a permanência de outra pessoa junto à mulher no parto e pós-parto contribui ainda para reduzir a possibilidade de a paciente sofrer de depressão pós-parto, doença que hoje atinge cerca de 15% das mães, no mundo.

Além de oferecer tranquilidade e segurança, o acompanhante pode ajudar a mulher nas tarefas básicas com o bebê nos primeiros dias, quando a mãe encontra-se em fase de reabilitação.

Fonte: Ministério da Saúde

 

Reportagem: Alexandra Duarte

 

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