Sonho da família de Pedro Sampaio não tem preço
Pedro Moraes Sampaio ratificou na última temporada a alcunha de uma das principais promessas da motovelocidade brasileira. Depois do título nacional em 2013 na GPR 250, subiu de categoria e no ano seguinte encerrou a competição como o melhor piloto do Brasil na GP 600 – perdeu o título para o uruguaio Maximiliano Gerardo. O desafio do piloto, agora, é não frear a ascensão meteórica, e para seguir galgando degraus, não faltaram empenho e doação da família.
Sampaio foi convidado para competir por uma equipe francesa no Campeonato Europeu da Stock 600 em 2015. Apenas o convite, contudo, não assegurava a realização do sonho. Para chegar lá, o piloto também precisou viabilizar aproximadamente 80 mil euros para cobrir os custos de toda a temporada (cerca R$ 260 mil). Ainda desconhecido na Europa, o bento-gonçalvense não teve sucesso na busca por patrocínios. A solução, então, foi o “paitrocínio”. A família vendeu carro, motos e outros bens, além de mexer nas economias, para juntar o mínimo necessário e possibilitar ao filho alcançar um novo patamar na carreira. “Nossa expectativa é conseguir algum apoio financeiro durante o próximo ano, mas independente disso, estamos garantindo que não vá faltar nada para ele. Não adianta eu guardar esse dinheiro, vai passar os 17, 18 anos dele e quando fizer 22 ou 23 já não será mais a hora de fazer isso. A chance que nós temos de ter um Marc Márquez (bicampeão da Moto GP) da vida é nessa idade que o Pedro está agora. Como o trabalho permitiu que eu pudesse dar esta oportunidade para ele, eu estou dando. Se a coisa for bem, depois ele vai continuar lá pelo próprio mérito”, afirma o engenheiro mecânico e pai de Pedro, Alexandre Sampaio.
Todo o esforço não é apenas pelo sonho do filho. Conhecida no Rio Grande do Sul pela voluntariedade e ações voltadas ao motociclismo, os pais de Pedro também estão realizados com a oportunidade que está sendo possibilitada ao jovem piloto. A relações públicas Lorena Herte de Moraes, mãe de Pedro, foi presidente da Federação Gaúcha de Motociclismo (FGM) e desde 2002 atua na diretoria da Associação dos Motociclistas do RS (AMO-RS), entidade que ajudou a fundar. Alexandre, por sua vez, coleciona uma porção de viagens de moto fora do Brasil que renderam, inclusive, um livro, chamado “Na estrada em duas Rodas”. Quando sequer conseguia sentar sozinho em uma moto, Pedro já acompanhava os pais nos autódromos e, naturalmente, herdou o gosto pela motovelocidade. “Na verdade é um sonho familiar, é um sonho que está sendo realizado pelo Pedro, mas também por mim e pelo pai dele. O pai se preparou para isso, de vender automóveis, motos, e ele não se importa em se desfazer disso para realizar um sonho. Como o Alexandre mesmo disse: se eu bater na porta de um amigo pedir patrocínio para o meu filho, e eu estou lá com uma Harley-Davidson, a pessoa vai pedir porque eu não vendo a moto. Então eu vou vender a minha Harley. Depois, se precisar, vou bater na porta do meu amigo e pedir se ele tem patrocínio para o meu filho. Mas primeiro vou fazer a minha parte e vender tudo o que não é necessário”, conta Lorena. O sacrifício do pai para custear a temporada do filho na Europa é proporcional ao indisfarçável orgulho pela promissora trajetória já percorrida pelo piloto que recém completou 17 anos. “Eu imaginava que ele seria um piloto médio, que venceria alguma corrida. Esses resultados que ele teve nos últimos dois anos surpreendeu a todos nós, não esperávamos tanto”, ressalta.
Sampaio embarcará à França no início de março, quando iniciará o período de testes. A temporada contará com sete provas e abrirá no dia 12 de abril, na Espanha. O calendário também prevê corridas na Holanda, Itália, Portugal e França, sede da última etapa, no dia 4 de outubro.
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