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Sucuri Amarela passa por tomografia computadorizada na UCS

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Espécie capturada em São Borja, às margens do Rio Uruguai, já recebeu “alta” e está aos cuidados do Ibama, em Porto Alegre

Fotos: Bruno Zulian

Profissionais do Instituto Hospitalar Veterinário (IHVET) da Universidade de Caxias do Sul realizaram na manhã desta terça-feira, 12/03, um procedimento, no mínimo, incomum: a tomografia computadorizada de uma cobra sucuri de aproximadamente dois metros de comprimento e quase oito quilos. O animal foi trazido por uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Porto Alegre, onde está sob cuidados do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), e o exame faz parte de um estudo de reconhecimento da espécie Sucuri Amarela cujo objetivo é consolidá-la como um animal da fauna nativa do Rio Grande do Sul.

O exame mobilizou uma equipe de médicos veterinários, enfermeiros e assistentes por cerca de uma hora e meia. Assim que chegou ao IHVET, a cobra foi levada a um ambiente aquecido, onde permaneceu por alguns minutos. “A elevação da temperatura corporal é fundamental para que os anestésicos necessários para o exame façam efeito”, explica a médica veterinária e professora da Universidade de Caxias do Sul Claudia Giordani, que realizou a tomografia. Em seguida, o animal foi anestesiado e acomodado sobre a maca do tomógrafo.

As imagens computadorizadas foram registradas em três etapas, cada uma exigindo o reposicionamento do réptil – e uma dedicação atenciosa da equipe. Depois de uma hora o procedimento estava concluído, e após mais duas horas a cobra estava acordada e ativa. Na metade da tarde, a sucuri recebeu “alta” e foi encaminhada ao Cetas. O resultado do exame fica pronto em até quatro dias úteis, mas preliminarmente tudo indica que ela voltará à natureza na próxima semana, no mesmo local onde foi resgatada – leia texto abaixo.

 A tomografia feita no IHVET faz parte de uma bateria de exames pelos quais a cobra está passando, a maioria deles realizada no próprio Cetas, onde já foi coletado material biológico e genético e concluída a parte epidemiológica. “A tomografia computadorizada é importante porque nos ajuda a conhecer a sistemática do animal e sua anatomia graças à qualidade das imagens, fundamental para a identificação da espécie”, destaca o médico veterinário Paulo Guilherme Carniel Wagner, analista ambiental do Ibama e chefe do Cetas-RS. Já referência como complexo hospitalar veterinário no Rio Grande do Sul, o IHVET foi escolhido pelo Ibama para realização do exame por ser um hospital-escola de uma Universidade Comunitária e devido a sua estrutura, equipe e proximidade de Porto Alegre. “A UCS é nossa parceira, e gentilmente se colocou à disposição para proceder esse exame. Uma parceria muito importante, que nos faz ter uma análise de alta qualidade, de tecnologia, para fornecer informações desse animal e de futuras espécies”, observa Wagner.

Do folclore à identificação científica

A cobra da espécie Sucuri Amarela examinada no Instituto Hospitalar Veterinário (IHVET) da Universidade de Caxias do Sul foi resgatada dia 13 de fevereiro, a cerca de 100 metros das margens do Rio Uruguai, no interior da cidade de São Borja. Avisada por populares, a Polícia Militar Ambiental de São Borja recolheu o réptil e contatou o Ibama, que encaminhou seu traslado ao Cetas-RS, em Porto Alegre. “Solicitamos à Polícia Ambiental que o animal não fosse solto de imediato pelo interesse em analisá-lo, porque já há histórico de aparecimento dessa espécie na costa do Rio Uruguai, principalmente na parte Sul, a partir de Itaqui, São Borja, Uruguaiana e Barra do Quaraí. Estamos procedendo com esse estudo, porque a frequência dos relatos nos faz crer que trata-se, sim, de um animal da fauna nativa do Rio Grande do Sul, ao contrário do que muita gente pensa”, relata o analista ambiental do Ibama, Paulo Guilherme Carniel Wagner.

Ele explica que a Sucuri Amarela tem ocorrência, como área núcleo, no Pantanal, mas também ocorre no Paraguai e na Argentina, principalmente descendo pela Bacia do Prata, do qual o Rio Uruguai faz parte. Historicamente, moradores da costa do Rio Uruguai sempre relataram a presença desses animais, mas isso foi, por muito tempo, declinado como folclore por uma ala de pesquisadores. “Infelizmente”, ressalta Wagner. O veterinário lembra que o herpetólogo, pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), Thales de Lema (falecido em 2020), já havia realizado pesquisas com répteis naquela região, mas que o estudo se limitou à análise física dos animais, sem nenhum material biológico e genético, e os animais nem foram marcados quando devolvidos à natureza. “As cobras continuaram surgindo por lá, inclusive temos relatos de pessoas que as matavam para tirar o couro. Hoje estamos retomando esses estudos para comprovar que a Sucuri Amarela também pertence à fauna nativa gaúcha”, conclui Wagner.

Fonte: UCS

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