Após a rebelião da última quinta-feira, dia 8, que comprometeu seriamente a estrutura do atual Presídio Estadual de Bento Gonçalves, a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) anunciou extraoficialmente que incluirá a construção de um Centro de Reinserção Social (foto) no orçamento do Estado do próximo ano.
Horas após a retomada do controle da penitenciária, por volta das 22h, o juiz Rudolf Carlos Reitz determinou a interdição total do prédio. De acordo com a decisão, todos os detentos deveriam ser imediatamente transferidos para outras unidades prisionais enquanto durasse a interdição – 59 deles já foram deslocados, entre a tarde e a noite de quinta-feira, para pelo menos cinco cidades diferentes do Estado. A Susepe vai recorrer da decisão e, durante o tempo dos trâmites judiciais, os apenados que ainda não foram transferidos permanecerão detidos nas celas não danificadas pelo tumulto.
A Susepe informa, no entanto, que se houver interessados na compra do terreno do atual presídio – seja o Poder Público ou a iniciativa privada –, a construção do chamado Centro de Reinserção Social na linha Palmeiro pode começar imediatamente. Os projetos complementares da obra e a nova previsão orçamentária devem estar concluídos até o final de maio. Enquanto isso, a Susepe anunciou que contratará uma empresa de forma emergencial para realizar reparos nas celas danificadas. A reforma deve começar já na próxima semana.
O pedido de interdição total teve como base a avaliação estrutural realizada pelo Corpo de Bombeiros após o motim, que indica risco de desabamento de parte do prédio. A determinação do Judiciário poderá ser revista após a adoção de melhorias no presídio por parte da Susepe e novo laudo dos Bombeiros.
Segundo o Departamento de Engenharia da Susepe, Carlos Roberto Hebeche, a rebelião ocorreu justamente quando uma visita já estava programada para anunciar a finalização dos projetos complementares do novo presídio. Ele esteve em Bento Gonçalves na manhã desta sexta-feira, dia 9, junto com assessores técnicos e jurídicos para avaliar a situação.
Um novo modelo de presídio
Uma reportagem do SERRANOSSA publicada em fevereiro do ano passado apresentou detalhes do novo modelo de presídio que deve ser construído em Bento. O Centro de Reinserção Social tem capacidade inicial para 351 detentos, mas poderá comportar até 450, entre homens e mulheres. Seu custo ficaria em torno de R$ 10 milhões, cerca de metade do valor de um presídio misto. A obra tem duração estimada de 11 meses. Nessa modalidade, os detentos são separados em módulos por tipo de crime cometido. Poderão ser alojados de 28 a 40 presos no espaço e dentro de cada módulo haverá seis celas individuais, além de banheiros, refeitórios, pátios internos e externos. O projeto também prevê a construção de anexos para trabalho e de um albergue, onde os presos não terão contato com os detentos do regime fechado.
Reportagem: Jonathan Zanotto e Greice Scotton
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