Suspensas as exportações de carne de aves e seus produtos após surto de doença no RS

Foi confirmado um foco da doença de Newcastle (DNC) em um estabelecimento de produção avícola comercial, na cidade de Anta Gorda, no RS

Suspensas as exportações de carne de aves e seus produtos após surto de doença no RS
Foto: Divulgação

Após a confirmação de um foco da doença de Newcastle (DNC) em estabelecimento de produção avícola comercial, no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reviu a certificação para exportações de carnes de aves e seus produtos para 44 países.

A certificação para exportação é um acordo bilateral entre países parceiros e, por isso, o Mapa revisou preventivamente os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) de forma a atender às garantias e os requisitos acordados. Seguindo-se as regras internacionais de comércio de aves e seus produtos, a suspensão da certificação temporária é conduzida pelo Brasil, de forma a garantir a transparência do serviço oficial brasileiro, frente aos países importadores d os produtos .

Desta forma, a s suspensões estão relacionadas a área ou região com impedimento de certificação, que varia desde a suspensão por pelo menos 21 dias para todo território nacional ou até mesmo a restrição circunscrita a um raio de 50Km do foco identificado.

Para países como República Popular da China, Argentina e União Europeia a suspensão vale para todo Brasil. Neste caso, os produtos com restrições são carnes de aves, carnes frescas de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal , matéria-prima de aves para fins opterápicos , preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue .

Já do estado do Rio Grande do Sul, ficam restritas as exportações para África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietnã .

Entre os produtos estão carne fresca, resfriada ou congelada de aves; ovos e ovoprodutos ; carnes, produtos cárneos e miúdos de aves; farinha de aves, suínos e de ruminantes; cabeças e pés; gorduras de aves; embutidos cozidos, curados e salgados; produtos cárneos processados e termoprocessados ; e matéria-prima e produtos para alimentação animal.

Já de um raio de 50 km do foco não podem ser exportados carnes de aves; farinha de aves, penas e peixes para uso na alimentação animal; e produtos cárneos cozidos, termicamente processados, não comestíveis derivados de aves, para países como Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Tadjiquistão, Timor Leste . Os CSI’s para esses destinos com data de produção até 8 de julho não entram nas restrições e poderão ser emitidos.

Destaca-se que produtos submetidos a tratamento térmico como termoprocessados , cozidos e processados destinados a Argentina, África do Sul , Chile , União Europeia e Uruguai não possuem qualquer limitação e poderão ser normalmente certificados.

Ainda, o Mapa ressalta que as regras de suspensão são revisadas diariamente, tendo em vista as tratativas em curso com os países parceiros, nas quais são apresentadas todas as ações que estão sendo executadas para erradicar o foco.

Exportações

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, ficando atrás do Paraná e de Santa Catarina.

Nos primeiros seis meses do ano, o estado exportou 354 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 630 milhões. Essas exportações representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo país e 14,1% das 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no mesmo período.

No primeiro semestre, os principais destinos da carne de frango gaúcha foram os Emirados Árabes Unidos (48 mil toneladas – US$ 94 milhões), Arábia Saudita (39 mil toneladas – US$ 77 milhões), China (32 mil toneladas – US$ 52 milhões) e Japão (20 mil toneladas – US$ 43 milhões).

Ações do governo gaúcho

O governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), está conduzindo um plano de ação para conter um foco confirmado da doença. O planejamento foi validado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na quinta-feira, 18/07.

“É importante ressaltar que a notificação veio do próprio produtor. O sistema avícola comercial do Rio Grande do Sul é altamente tecnificado, com uma relação forte e estreita com o Serviço Veterinário Oficial”, afirma o diretor do Departamento de Saúde Animal do ministério, Marcelo Mota.

Foram traçados dois perímetros de vigilância, com raios de três e dez quilômetros a partir do foco. “A secretaria já vem promovendo ações de vigilância ativa antes mesmo da confirmação. Vistoriamos as três granjas comerciais que estão atualmente alojando animais, dentro do raio de três quilômetros do foco”, destaca o diretor-adjunto de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes. 

O plano de ação prevê visitas a granjas comerciais e propriedades com criações de subsistência. No raio de três quilômetros, são 75 propriedades no total. “Considerando o raio de dez quilômetros, somam-se a elas mais 801 propriedades para visitar”, contabiliza Francisco. 

Além das vistorias nas propriedades, a Seapi deve colocar barreiras de desinfecção e bloqueio e barreiras de desvio no raio de três quilômetros. “O objetivo é evitar tanto a entrada quanto a saída de aves, camas de aviário, esterco e outros produtos que possam carregar o vírus”, explica o diretor-adjunto. As barreiras, que vão funcionar ininterruptamente, terão o apoio de segurança da Brigada Militar.

A operação mobilizará um grande contingente de servidores da Seapi. “Vamos precisar fazer troca de escalas, com quatro equipes por barreira. Calculamos mais de 70 servidores envolvidos na ação”, conta Francisco. Se não houver novos casos, a previsão é de que a operação de contenção do foco se encerre em duas semanas.

Sobre a doença

A doença de Newcastle é uma enfermidade viral que afeta aves domésticas e silvestres, causando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nos animais.

De notificação obrigatória à Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), é causada pela infecção por vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), virulento em aves de produção comercial.

Todas as suspeitas da doença, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Seapi, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.