CEO da Taurus alerta para risco de demissões em São Leopoldo após tarifa de 50% dos Estados Unidos
A Taurus Armas, sediada em São Leopoldo (RS), vai transferir parte da montagem de armas da família G para os Estados Unidos. A mudança é uma resposta direta à tarifa de 50% imposta pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros, especialmente armas de fogo, que lideram as vendas da empresa no mercado externo.
Hoje, a fábrica gaúcha produz 2.100 armas por dia para o mercado americano. A partir de setembro, 900 unidades passarão a ser montadas na planta da Taurus nos EUA.
O CEO global, Salesio Nuhs, explicou ao Estadão que, inicialmente, a estratégia envolve apenas a transferência da montagem, mantendo a fabricação no Brasil. “Pagar 50% sobre uma fração da arma é melhor do que sobre ela toda”, afirmou.
Desde o anúncio da tarifa, a Taurus antecipou a exportação de componentes, como carregadores, formando um estoque de 90 dias para ganhar tempo e se adaptar à nova realidade.
A medida afetará diretamente a economia de São Leopoldo. A transferência reduzirá em pelo menos 30% o faturamento da fábrica, o que também diminuirá a arrecadação de ICMS para o município.
Segundo o ABC+, Nuhs alertou para o risco de demissões, embora a empresa estude alternativas como férias coletivas para minimizar o impacto. “Estamos tristes com essa situação, pois isso prejudica a cidade, o estado e a economia local”, lamentou. Ele destacou que a Taurus segue em articulação com os governos federal e estadual para demonstrar os impactos da taxação e buscar liberação de créditos de ICMS.
A Taurus não é a única afetada. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que as exportações brasileiras de armas e munições para os EUA atingiram R$ 323,9 milhões em 2024. Montenegro (RS), Veranópolis (RS) e Ribeirão Pires (SP) também estão entre os municípios exportadores impactados pela sobretaxa.
Enquanto isso, brasileiros aguardam ansiosos pela conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente republicano Donald Trump, que ainda não ocorreu. Desde que Trump enviou a carta a Lula, em 9 de julho, anunciando a nova tarifa, o mandatário brasileiro ainda não entrou em contato com o americano. A tarifa entrou em vigor em 6 de agosto.