“Tenho certeza de que o amor que repassei aos meus filhos os tornou quem eles são hoje”

A história de Edite Lima, de 59 anos, se confunde com a de milhares de mães pelo Brasil afora: solidão, muita luta e, por fim, gratidão. Mãe de três filhos, Carina, de 42 anos, Marivane, de 30, e Edson, de 26, Edite foi criada ao lado de nove irmãos no interior de Fontoura Xavier, onde desde pequena aprendeu que o sustento da família teria que vir com muito trabalho. “Todos trabalhavam na roça e somente um dos meus irmãos conseguiu estudar. Passamos muitas dificuldades, pois antigamente para ter algo era muito difícil”, relata ela, que tinha o sonho de ser enfermeira “para ajudar as pessoas que precisavam”.


 

Jovem, ela conheceu seu primeiro amor e engravidou da primeira filha. Segundo ela, o relacionamento era feliz, mas, certo dia, o homem da sua vida simplesmente fugiu e a abandonou grávida. “A Carina nasceu, me trazendo uma alegria e um amor que jamais havia sentido. Ela foi a minha luz diária para não desistir das dificuldades que enfrentava e ainda precisava enfrentar”, comenta. Edite também relembra que sofreu muito preconceito, ainda mais naquela época, quando era “praticamente inaceitável ser mãe solteira”. 

Em busca de uma vida melhor, ela e a filha resolveram se mudar para Bento e aqui encontraram uma realidade muito diferente do que viviam. Em busca de uma oportunidade, ela conseguiu emprego em uma vinícola, onde ajudava a descarregar os caminhões, trabalhando também em restaurantes e como empregada doméstica. “Por diversas vezes precisava levar a Carina junto, pois como não morava mais com meus pais, não tinha com quem deixá-la”, relata.


 

Carina, ao ver os esforços da mãe, insistia em trabalhar e, com apenas 12 anos, conseguiu em emprego em uma fábrica de calçados ao lado da mãe. Após muitos anos, e com inúmeros pedidos para ter irmãos, Edite se permitiu conhecer outra pessoa, que ela diz ser o grande amor da sua vida, o Nelson. “Daí chegou a minha segunda filha, a Marivane, que nasceu com diversas complicações de saúde. Acometida de meningite, a pequena ficou entre a vida e a morte. Os médicos diziam que ela poderia ficar com graves sequelas se sobrevivesse, mas Deus foi tão bom conosco e a Mari cresceu sadia. Um verdadeiro milagre”, comemora.

Quatro anos depois, chegou o terceiro filho, Edson. “É o ‘nenê’ da casa. Quanto orgulho desse menino. Muitas vezes olho para ele e vejo o quanto é parecido com o pai. Formou-se em Direito recentemente, e atualmente ele é Pós-Graduando. Menino muito estudioso que luta como ninguém por seus sonhos. Ele vai longe”, elogia. Já Carina casou-se e virou mãe de uma linda menina, que hoje tem o mesmo sonho da avó: ser enfermeira. E Mari se tornou empresária, dona de uma loja de roupas.

Edite perdeu o marido em 2015 por problemas de saúde e, mais uma vez, teve que ser forte e se reerguer. Para ela, todo o esforço em trabalhar de domingo a domingo foi para dar o melhor conforto possível aos seus filhos. “Como muitas mães, fiz o possível e o impossível para que jamais faltasse nada a eles. Hoje, com quase 60 anos, me permito não trabalhar tanto e aproveitar a vida com mais leveza. Graças ao meu bom Deus, meus filhos seguiram seus caminhos e estão todos bem”, celebra. “Tenho certeza de que o amor que eu repassei a eles os tornou quem eles são. Não tenho dúvidas de que o melhor presente não foi aquele que muitas vezes eu não tive condições de dar, mas, sim, ter sido presente da melhor forma possível na vida deles. Deus não poderia ter me dado bênção melhor, ter sido mãe de três filhos tão amorosos”, finaliza.