Terreno próximo ao lago da Fasolo, em Bento, é alvo de denúncias por casos de drogadição e prostituição  

Os avós de uma professora, de 25 anos, vêm lidando com um sentimento de medo e insegurança há algum tempo em Bento Gonçalves. Eles residem no bairro Progresso, há cerca de 50 anos, próximo a um terreno localizado atrás do conhecido Lago da Fasolo, pertencente à prefeitura de Bento Gonçalves. Por ali, a moradora alega que são frequentes os casos de prostituição (seja de dia, ou à noite); consumo e comercialização de drogas; desmanche de veículos e, ainda, maus-tratos a animais. “Os animais são mortos e enterrados no local. Muitas vezes abandonados e, muitos destes, minha avó tomou conta por anos. No ano passado, ela chegou a ter 14 gatos. Então, pensa em uma senhora de 70 anos cuidando de 14 animais, mais os cachorros dos vizinhos”, conta. 


 

O desabafo da moradora veio após diversas tentativas frustradas de contatar as autoridades municipais e de segurança, a fim de resolver a situação. “O que eu ouvi? ‘Infelizmente não podemos fazer nada sem um flagrante’, ‘não temos viaturas no momento’, ‘infelizmente você precisa ligar quando estiver acontecendo alguma das ações relatadas’. Conclusão: a casa dos meus avós já foi assaltada mais de 6 vezes. A gente fica frustrada porque busca alguém para ajudar e quando é época de eleições, vários vereadores vão lá dizer que irão resolver. Então a gente faz campanha, consegue vários votos e, quando se elegem, esquecem que existe a nossa rua. Eu vou fazer 26 anos e faz mais de 15 que eu escuto isso. É sempre a mesma promessa”, comenta. 

O que dizem as autoridades

De acordo com o Secretário de Segurança, Diego Caetano de Souza, o Executivo Municipal já esteve no terreno para avaliar as denúncias recebidas. “Num primeiro momento, numa ação entre a SEMSEG [Secretaria Municipal de Segurança], SEDES [Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social] e Meio Ambiente [Secretaria Municipal de Meio Ambiente], foram retirados lixos e alguns casebres utilizados por usuários de drogas. Hoje mesmo (13/04), a GCM [Guarda Civil Municipal] esteve no local e não encontrou pessoas, apenas uma motocicleta, que não se encontra em situação irregular, por isso tenta-se contato com o proprietário. A moto foi recolhida ao depósito do Detran”, relata. 


 

O Tenente-Coronel Paulo César de Carvalho, comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT), de Bento Gonçalves, afirma que nenhuma ocorrência foi registrada no local em 2019. Segundo ele, os únicos problemas relatados estariam relacionados com crimes ambientais – com a mortandade de peixes. “Durante o corrente ano, consta apenas o registro de uma posse de entorpecentes na rua Benjamin Pozza, não havendo relação com o local citado. Quanto aos demais fatos relatados, não constam registros no sistema policial”, explica. 

Apesar da negativa das ocorrências, o comandante afirma que a Brigada Militar realizou abordagens e orientações em todas as ocasiões em que foram localizadas pessoas naquele terreno. “Ressalta-se que o local citado possui extensa área de vegetação e cercamento deficiente, fato que facilita a entrada de pessoas. Diante disso, constata-se que a Brigada Militar, dentro das denúncias ofertadas, bem como em atividade de rotina, vem procedendo da melhor forma possível para atender a população residente no local”, complementa.


 

O secretário interino da SEDES, Wagner Dalla Valle, afirma que já é de conhecimento da prefeitura as ocorrências relacionadas à drogadição, à prostituição e aos maus-tratos contra animais. “Sempre que chamados, seja pelo Disque Denúncias, ou por ligações, nós vamos até o local para averiguar. Mas por se tratar de um terreno que faz ligação com a área férrea, fica difícil ter um controle mais efetivo. Não tem como cercar o local”, explica. Segundo o secretário, a prefeitura já está estudando, junto ao IPURB, a viabilidade de um projeto para transformar a área em lotes para construção de moradias, por valores mais acessíveis. 

Para a professora, a situação tem se tornado mais complicada a cada dia, principalmente agora que seus avós residem sozinhos no local. “Não existe só eles, tem várias outras casas, são várias pessoas idosas que moram ali há mais de 50 anos. O local está sendo aos poucos invadido”, desabafa.

O secretário de Segurança afirma que serão ampliadas as rondas da Guarda Civil Municipal no local, para garantir a segurança dos moradores. 

Fotos: arquivo pessoal