“Tive a sorte de cair em Bento” diz cubana

Saudade é a única queixa da médica cubana Caridad Lizette Llabrés Hernandez que desembarcou no Brasil em março deste ano. A profissional, formada em clínica geral e com mestrado na área de geriatria, é uma das intercambistas que veio ao país por meio do Programa Mais Médicos. Neste mês, ela completa seis meses de trabalho junto à Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Municipal. “Tive a sorte de cair em Bento”, comemora. O contrato é de três anos.

Embora seja cubana, Lizette, como prefere ser chamada, estava há 10 anos na Venezuela. Antes de iniciar os trabalhos no município, passou por um período de adaptação. Os profissionais do Programa Mais Médicos são destinados exclusivamente a ESFs. A principal diferença em relação às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) é a proposta de trabalho. Além dos médicos e enfermeiros, as ESFs contam com agentes de saúde responsáveis pelo acompanhamento das famílias. No Municipal, são cerca de 3.500 famílias cadastradas. “Aqui tem bastante trabalho. O Brasil precisava dos Mais Médicos. Há muitas necessidades assistenciais, principalmente nas comunidades mais carentes”, avalia.

Lizette atende cerca de 30 pacientes diariamente, entre crianças, adultos e idosos. O maior receio era que as dificuldades de comunicação atrapalhassem o trabalho. Com ajuda da equipe da unidade, as barreiras com o idioma vão sendo superadas. “Quando os pacientes não entendem, repito várias vezes ou peço ajuda de uma enfermeira para traduzir”, comenta.

A profissional veio ao município para substituir o cubano Luis Enrique Rodriguez Rodriguez, que deixou Bento Gonçalves em fevereiro em virtude da dificuldade de adaptação à língua portuguesa. Uma vez por semana, a médica participa de capacitação online sobre saúde da família, oferecida pelo Ministério da Saúde, e também tem seu desempenho avaliado. Além do apoio dos colegas, a médica está morando junto com uma família que a acolheu, o que facilita a adaptação e minimiza os momentos de solidão. Lizette se diz encantada pelo município e já percorreu roteiros turísticos tradicionais, como Caminhos de Pedra e Vale dos Vinhedos. 

Medicina cubana

– Em Cuba, há 25 faculdades de medicina, todas públicas, e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil.

– A duração do curso de medicina em Cuba, a exemplo do Brasil, é seis anos em período integral, depois o estudante deve fazer especialização, que dura de três a quatro anos.

– Pelas regras do Ministério da Educação de Cuba, apenas os alunos que obtêm notas consideradas altas, em uma espécie de vestibular e ao longo do ensino secundário, são aceitos nas faculdades de medicina. Na faculdade, o estudante tem duas chances para ser aprovado em uma disciplina. Se for reprovado, é automaticamente desligado do curso.

– A formação dos profissionais é voltada para a chamada saúde da família: os médicos são clínicos gerais, mas têm conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias e até ginecologia e obstetrícia.

*Fonte: Agência Brasil

 

Reportagem: Carina Furlanetto


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