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Total de denúncias de irregularidades trabalhistas aumenta 47% em 2023 no RS

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Categoria com maior aumento foi trabalho escravo; desrespeito a direitos básicos do trabalhador estão em metade das mais de 8 mil denúncias do ano feitas ao MPT

Foto: Suellen Krieger

O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) recebeu 8.508 novas denúncias de irregularidades trabalhistas em 2023, número 47,7% superior ao de 2022. Quase metade delas são referentes ao descumprimento de direitos básicos, como pagamentos e remuneração, duração de jornada e extinção de contratos.

As irregularidades específicas mais denunciadas continuam sendo as relativas a meio ambiente de trabalho (presentes em 39% das denúncias), com aumento expressivo de denúncias de trabalho escravo (118% de aumento anual) e de trabalho infantil (+93%). Houve aumento de denúncias em todos os temas usados pelo MPT para organizar sua atuação. Como reflexo do arrefecimento da pandemia, o número de denúncias de irregularidades correlatas à COVID-19 foi de apenas 19 em 2023 (-90%).

O MPT concluiu as denúncias de maneira predominantemente não judicial, com a assinatura de 731 termos de ajuste de conduta (TACs), um aumento anual de 25,6%. Foram ajuizadas junto à Justiça do Trabalho 185 ações judiciais (+25%) ao longo do ano.

Como resultado da atuação do órgão em defesa dos direitos do trabalhador e do cumprimento da legislação trabalhista, foram revertidos no Estado mais de R$ 4,2 milhões de multas e indenizações apenas para órgãos públicos e pessoas jurídicas sem fins lucrativos de Porto Alegre e região, como reparação a danos morais coletivos e difusos.

A procuradora Franciele D’Ambros, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), atribui o aumento à conjuntura econômica a partir de 2017, com a reforma trabalhista e o aumento da pobreza ocasionado pela pandemia da Covid-19. “A visibilidade das recentes e efetivas atuações do MPT contra o trabalho escravo também parece ter contribuído, uma vez que incentiva as pessoas a noticiarem situações que, muitas vezes, já ocorrem há anos e apenas não são de conhecimento dos órgãos com atribuição para atuar”, explica. Para 2024, a expectativa é continuar a capacitar a rede de atendimento às vítimas e de atuar concertadamente ao longo de toda uma cadeia produtiva específica, a ser definida.

A procuradora Amanda Fernandes Ferreira Broecker, da Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Infantil e de Promoção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes (Coordinfância), relaciona o aumento das denúncias na área à maior ocorrência de casos de trabalho infantil, em decorrência da desigualdade social, da crise econômica, do aumento do desemprego e da informalidade. “O aumento de denúncias também reflete a maior conscientização social acerca do conceito do trabalho infantil”, acrescenta ela. Para 2024, além do projeto MPT na Escola, ela destaca projeto de estímulo à aprendizagem profissional, voltado a adolescentes acima de 14 anos.

Denúncia por unidade do MPT-RS

Caxias do Sul: 790

Novo Hamburgo: 635

Passo Fundo: 626

Pelotas: 602

Porto Alegre: 4.270

Santa Cruz do Sul: 571

Santa Maria: 457

Santo Ângelo: 333

Uruguaiana: 224

Total: 8.508

Denúncias por temas

Tema20222023Variação anualDenúncias com o tema
Temas gerais26904251+58%49,96%
Meio ambiente de trabalho16382280+39%26,80%
Igualdade de oportunidades e discriminação nas relações de trabalho11571598+38%18,78%
Trabalho na administração pública623867+39%10,19%
Fraudes trabalhistas416455+9%5,35%
Liberdade e organização sindical286432+51%5,08%
Exploração do trabalho da criança e do adolescente189365+93%4,29%
Trabalho análogo ao de escravo, tráfico de trabalhadores e trabalho indígena141308+118%3,62%
Trabalho portuário e aquaviário1321+62%0,25%
Envolvendo Covid-1919219-90%0,22%

2023 em números (MPT Gaia):

Denúncias8508 (+47%)
TACs celebrados731 (+25,6%)
Ações ajuizadas185 (+25%)
Mediações21 (+61,5%)
Procedimentos promocionais31 (-3%)
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