Trabalhadores do RS aderem à greve dos Correios

Trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul aderiram à greve nacional por tempo indeterminado nessa segunda-feira, 17/08, após realização de assembleia na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (SINTECT-RS), mais de 500 pessoas participaram do ato ou acompanharam pelo Facebook. Os trabalhadores são contra o processo de privatização da estatal, reclamam da falta de reajuste e da extinção de direitos da categoria. 

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), desde o início de julho está havendo um diálogo com a direção dos Correios em torno da pauta de negociação de reajuste. Entretanto, além da negar a negociação, a empresa teria surpreendido os trabalhadores neste mês com a revogação do atual Acordo Coletivo, que deveria permanecer em vigência até 2021. Ainda conforme os trabalhadores, foram extintas 70 cláusulas desse documento, derrubando conquistas garantidas durante mais de 30 anos. 

Também foi lembrado que, com a pandemia, os serviços cresceram mais de 20%, enquanto o número de trabalhadores foi reduzido. Com isso, a empresa tem exigido trabalhos em sábados e domingos, “sobrecarregando e expondo ainda mais os trabalhadores ao Coronavírus”. Apesar disso, conforme os trabalhadores, a categoria não tem o devido reconhecimento. “A greve é em defesa dos direitos, da vida e contra as privatizações”, destacaram.

Em relação à pandemia, foi denunciado que a empresa não cumpre com as medidas de prevenção ao Coronavírus. “Não vamos recuar e vamos mostrar a força dos trabalhadores de Correios para que os direitos sejam mantidos, nossa vida preservada e a empresa continue como uma empresa pública, do povo brasileiro. Queremos a presença do Correios em todos os municípios brasileiros, entregando de porta em porta, e respeito pela população”, pontuaram os trabalhadores. 

Nota dos Correios

Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.

Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.

No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.

Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.

A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhdores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.

Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.