Tráfico é o principal motivo para homicídios
O elevado número de homicídios registrados nos últimos dois meses em Bento Gonçalves têm deixado a comunidade assustada. Porém, boa parte de casos investigados pela Polícia Civil do município envolvem vítimas com antecedentes criminais. Tráfico de drogas, acerto de contas e rivalidade estão entre as principais motivações para a ocorrência desses delitos.
Segundo a delegada titular da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Bento Gonçalves, Maria Isabel Zerman, os índices de assassinatos tiveram crescimento em diversas cidades do Estado. “A estatística de homicídios em Bento Gonçalves, até o mês de março, é elevada, entretanto, diversas cidades do Rio Grande do Sul também registram um aumento da ocorrência dessa espécie de delito desde o início do ano”, salienta.
Na 1ª DP, estão em andamento oito inquéritos que apuraram a prática de homicídio em 2014. De acordo com a delegada, todos os casos consumados envolveram vítimas com passagens pela polícia. “Dos oito casos, somente dois foram consumados, ou seja, resultaram em mortes. Uma das vítimas tinha antecedente criminal por estupro e cumpria pena no regime semiaberto no Presídio Estadual de Bento Gonçalves e a outra tinha registro policial por porte ilegal de arma, tráfico de entorpecentes, desacato e ameaça, estando em liberdade provisória desde fevereiro”, acrescenta Maria Isabel.
A delegada ainda confirmou que grande parte dos casos investigados pela 1ª DP envolvem acertos de contas. “Desses oito homicídios que estão sob nossa investigação, a metade está relacionada com o tráfico de drogas, principalmente”, analisa. Maria Isabel ressalta que, apesar do trabalho de repreensão, o tráfico de entorpecentes ainda possui uma rede atuante em Bento Gonçalves. “Isso faz com que surjam rivalidades entre os pontos de venda e desacertos entre os criminosos. A cobrança de dívidas de usuários é outra alavanca para o aumento do número de homicídios”, avalia.
Importação
Para o diretor do Presídio Estadual de Bento Gonçalves, Volnei Zago, alguns dos casos são “importados”. “Vale lembrar que nosso presídio recebe apenados de várias partes do Estado e que, quando eles progridem para o regime semiaberto, permanecem na cidade para trabalhar. Isso nos leva a crer que algumas das execuções envolvendo detentos ou ex-detentos são praticadas por pessoas de fora do município, ou seja, casos que acabamos ‘importando’ de outras localidades”, lembra. Segundo Zago, é comum a prática de transferência de apenados entre as casas prisionais. “Nós fazemos esse deslocamento para que haja um controle melhor das instituições, sobretudo em casos de comportamento ruim. Se em Bento nós tivermos um problema parecido, transferimos o detento na intenção de solucionar o problema”, explica o diretor.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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