Tragédia da Kiss é legado para ações de prevenção

Na última segunda-feira, dia 27, o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que resultou na morte de 242 jovens e deixou cerca de 600 feridos, completou um ano. A tragédia daquela madrugada de domingo provocou uma mudança no comportamento não só dos usuários de casas noturnas, mas também fez com que autoridades repensassem a forma de como o entretenimento é disponibilizado aos jovens. Uma verdadeira reviravolta nos conceitos de segurança. Em Bento Gonçalves, o Corpo de Bombeiros garante que as normas estão sendo exigidas e cumpridas por empresas e estabelecimentos que concentram grande público.

Segundo o tenente Paulo Damião Chiavenatto Nouals, que responde pelo expediente do 2º Subgrupamento de Combate a Incêndio (2º SGCI) do município, a cidade está bem amparada e prevenida quanto à possibilidade de tragédias como a que aconteceu em Santa Maria. “Claro que não estamos livres das fatalidades, mas um trabalho sério está sendo realizado na cidade, e nós não correremos riscos. Portanto, serão aprovados apenas projetos que priorizem a segurança e prevenção dos usuários. Uma grande parte dos estabelecimentos está regularizada, outra parte ainda está em processo de adequação”, afirma. Atualmente, apenas uma casa noturna segue interditada em Bento.

Na visão do tenente, os proprietários de estabelecimentos estão se preocupando mais com segurança e prevenção. “Existe uma onda de mudança de pensamento, nossa região se desenvolve a passos acelerados, com isso os donos dos estabelecimentos estão mudando o conceito de que prevenção é gasto, hoje se fala em investimento. Nem todos pensam assim, mas a cultura está mudando”, completa.

A nova legislação que eleva o rigor na prevenção contra incêndios no Rio Grande do Sul, sancionada pelo governo do Estado no final de dezembro do ano passado, ainda depende de regulamentação e pode levar meses até que seja efetivamente aplicada. “Vale lembrar que os recursos humanos são escassos em praticamente todos os quadros dos Bombeiros do Estado. A preocupação agora é sobre como atender à demanda imposta pela lei”, diz tenente.

Segundo Nouals, uma das falhas que as corporações ainda enfrentam é a falta de um sistema interligado de informações entre os 12 comandos dos Bombeiros espalhados pelo Estado. “Outras mudanças virão, mas a fiscalização já está muito mais rígida. Antes, nós demorávamos até 20 dias para aprovar projeto, inspecionar e liberar o alvará de funcionamento, agora esse prazo não é mais cumprido. Dificilmente conseguimos fazer todo esse trabalho em menos de um mês”, finaliza Nouals.

Investimento é marketing

Para os sócios-proprietários da casa noturna Ferrovia Live, Evandro Soares e Márcio Possamai, estar dentro das regras de segurança e prevenção gera uma publicidade positiva para o estabelecimento. “Nós primamos pela segurança dos frequentadores e isso acaba virando um marketing positivo para a casa”, explica Soares. Os proprietários contam que, no último ano, investiram mais de R$ 15 mil em equipamentos de segurança.

Segundo eles, foi preciso ter paciência quanto à demora na liberação, mas, no geral, não houve desentendimentos quanto ao projeto. “A gente entende a dificuldade e demanda do serviço dos Bombeiros. Nós estávamos em reformas e aproveitamos esse momento para nos adequarmos às novas regras. O único pedido que estava fora dos planos foi a adquisição de um detector de temperatura, que indica fortes mudanças no clima do local, e o material foi instalado”, completa.


Reportagem: Jonathan Zanotto

É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também