A ocorrência de atropelamento de pedestres em rodovias e a gravidade deles têm sido motivo de preocupação. Em 43 dias, só na BR-470, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou cinco ocorrências desse tipo, sendo três em Bento Gonçalves, uma em Carlos Barbosa e uma em Vila Flores.
Os acidentes locais aconteceram em pontos próximos, entre os quilômetros 215,5 e 216 – o trecho atravessa bairros bastante populosos, como Jardim Glória, Juventude da Enologia, Conceição, Maria Goretti e São Vendelino. Para a PRF, alguns fatores podem ser agravantes, como a intensa movimentação de pedestres, o fato de a estrada não possuir passarelas para travessia de pedestres e a grande quantidade de cruzamentos, o que justifica a manutenção de uma velocidade máxima de 50km/h a 60km/h. Outro dado que chama a atenção é que os três casos registrados em Bento aconteceram à noite – às 18h45, às 22h e às 23h – e dois deles foram motivados por falta de atenção. A investigação dos atropelamentos está sob responsabilidade da Polícia Civil.
Os casos de Bento
Marcelina Corrêa Pinto, a Keka, de 40 anos, foi atropelada por volta das 23h do dia 11 de agosto, no quilômetro 216 da BR-470. O motorista fugiu sem prestar socorro – testemunhas informaram que ele conduzia uma Ford Courier de cor branca. Keka sofreu múltiplas fraturas pelo corpo, além de traumatismo craniano profundo. Ela foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Tacchini e passou por cirurgia. No início do mês, foi transferida para um quarto, mas, até o final da tarde de quinta-feira, dia 22, seu estado de saúde continuava sendo considerado grave e ela permanecia em coma. A 1ª DP está investigando suspeitos e instaurou inquérito. No decorrer da investigação será definido o tipo de crime – tentativa de homicídio ou lesão corporal dolosa, provavelmente, que pode variar conforme a evolução do quadro de saúde da vítima.
O vigilante Milton Oliveira, de 25 anos, foi atropelado por volta das 19h15 do dia 7 de setembro, na BR-470, na altura da rua Joaquim Toniollo, que dá acesso ao bairro Caminhos da Eulália. Ele foi atingido por uma caminhonete Fiat/Strada, com placas de Bento Gonçalves, quando ia para o trabalho. De acordo com o motorista, que parou para prestar socorro, o fato ocorreu quando ele saía da BR-470 para acessar a rua Joaquim Toniollo e acabou atropelando a vítima, que caminhava em via pública em um ponto sem iluminação. Até o final da tarde de quinta-feira, dia 22, o vigilante seguia internado em estado grave na UTI do Hospital Tacchini. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
Alex Carlos Costa Carvalho foi encontrado às margens da BR-470 por equipes do Samu e da PRF na noite do dia 15 de setembro. Ele apresentava diversos ferimentos indicando um possível atropelamento. O fato aconteceu no km 215 da rodovia, nas proximidades do bairro Maria Goretti. O veículo suspeito, um Chevette, foi encontrado no mesmo bairro, com o para-brisa quebrado e marcas de batida. O dono da casa em que o veículo estava foi identificado pela Polícia Civil. A 1ª DP trabalha com a hipótese de tentativa de homicídio e, de acordo com a delegada Maria Isabel Zerman Machado, depoimentos de testemunhas indicam uma rixa entre o acusado pelo atropelamento e a vítima. Até o final da tarde da última quinta-feira, dia 22, ele seguia na UTI, em estado grave.
Fotos: Greice Scotton (placa de sinalização), André Scarmin (Keka) e Divulgação/PRF (Strada e Chevette)