TTT da superação: atletas de Bento se destacam em prova no litoral

Todos os anos centenas de atletas amadores da Serra Gaúcha vão ao litoral para disputar a tradicional Travessia Torres-Tramandaí (TTT), prova que reuniu mais de 3 mil corredores no último final de semana. Os 82 quilômetros podem ser percorridos em equipes – octeto, quarteto, dupla – e individualmente. Além da areia fofa, maré alta, vento contrário e muitos veranistas no caminho dos atletas, os corredores superam seus próprios limites. 
De Bento Gonçalves, um dos destaques foi Willian Baggio, que individualmente, completou a prova em 6h54min51s e conseguiu a 5ª colocação geral na TTT.
O SERRANOSSA conversou com ele e outros atletas que se aventuraram em mais uma prova na praia.

“Esta foi a segunda TTT Solo que participei. A primeira participação foi em 2019 quando completei a prova em 7h17min, ficando em 9° colocado no Geral e 4° colocado na categoria 20/39 anos. O ano de 2019 foi muito difícil para mim, pois tive uma lesão no ligamento cruzado anterior no joelho direito, que necessitou de uma cirurgia realizada no mês de maio. Foram vários meses afastado dos treinamentos e competições. Em virtude da lesão, a preparação para a prova foi encurtada. Isso me deixou um pouco ansioso antes da largada. Mesmo com a temperatura boa a prova foi complicada em virtude da areia molhada e o mar alto e em diversas oportunidades tivemos que correr dentro da água. Ao concluir a prova, me surpreendi com o resultado e me emocionei bastante, não teve como segurar as lágrimas. Após a prova, veio a premiação e a emoção continuou, nunca havia imaginado dividir o pódio com atletas em nível de seleção brasileira de ultramaratonistas. Atletas estes que sempre foram um exemplo para mim estavam ao meu lado, realmente uma cena que ficará gravada na memória para sempre”.

Willian Baggio, 32 anos, coordenador comercial. 

Corre desde 2017


 

“Desde que comecei, fiz 10 maratonas e 6 ultras. Esta foi a minha quarta TTT Solo e neste ano fiz meu melhor tempo: 7h48min. Para mim é simples, a prova da TTT é: “ame-a ou a deixe”. Não existe meio termo, pois, apesar do trecho ser praticamente uma linha reta, você nunca sabe o que vai acontecer. Ou é muito quente, ou tem vento contra, a maré pode subir e o areia pode estar muito fofa. Você simplesmente não sabe o que vai acontecer e é por isso que eu amo essa prova”

Vander Geremia, engenheiro, 37 anos. 
Corre desde 2010


 

 “Corri minha primeira TTT em 2017. Quando revesei os 82km com uma grande amiga, Luísa Damásio. Depois disso repetimos o desafio por mais 2 vezes. Em 2019, após correr a Comrades, 87km na África do Sul, veio a vontade de um desafio maior: fazer a TTT 82km Solo. A maior dificuldade foi a areia fofa e a maré alta que acompanhou os corredores até o km 60. Depois foram as dores e o cansaço. O que fascina nesta prova, além do desafio, é o sentimento de companheirismo entre os atletas. A energia positiva, a participação da família e dos amigos envolvidos com o apoio. Tive uma demonstração muito grande de amizade quando uma amiga, fisioterapeuta, deixou de correr e fazer um bom tempo no seu percurso para me ajudar com uma dor que certamente teria me feito desistir. São essas coisas que te fazem correr: os amigos”

Paula da Cruz Geremia, 37 anos, fisioterapeuta


 

 “Foi a primeira vez que corri a TTT e percorri 23km. A preparação para esta e outras provas é feita sempre junto de um profissional que entende do negócio, no meu caso foi com meu professor e amigo Leonardo Alessi. Desde a inscrição para a TTT2020 já começaram a ser formuladas as planilhas de treino com o foco nos 23k. Treinos puxados e difíceis, mas foram superimportantes para nosso autoconhecimento, o que, na corrida, é peça-chave. Conhecer nosso corpo e mente, sabendo até onde podemos chegar e o quanto de força podemos dar faz toda a diferença. A corrida é um esporte que tu compete contigo mesmo, cada vez tu quer ser melhor do que foi no último treino, quer ter um pace mais rápido ou correr por mais quilômetros, esta autocompetição é boa demais. Além de ser um esporte que não precisamos de equipamentos externos, somente do nosso corpo”

Fernanda Krüger, 28 anos, psicóloga. 
Corre desde 2018


 

 “Esta foi a minha primeira TTT e corri 6,5 km. A corrida surgiu na minha vida por influência da minha mãe, sempre fui sedentário e nunca consegui encontrar um esporte que conseguisse me prender por muito tempo. Ano passado decidi dar um basta e entrei em uma assessoria. Vi na corrida um esporte muito livre que pode ser praticado em qualquer lugar e a qualquer momento. Por participar de um grupo, conheci muitas pessoas com muitas histórias de superação, o que me incentiva a ser sempre melhor. A TTT não foi minha primeira prova, mas foi uma das mais difíceis. Acabei correndo o meu trecho por volta das 13h30, logo o sol estava bem forte e a areia e a água são grandes desafios para quem está acostumado com o asfalto. Mesmo com essas dificuldades, consegui fazer um tempo muito bom (para mim) e fiquei muito feliz com o resultado e comigo mesmo”

Fabrício Krüger Lavandoski, 27 anos, publicitário. Corre há 10 meses


 

“Esta foi a minha primeira ultramaratona. Foi uma prova difícil e que precisou de meses de preparação, treinos com qualquer condição climática, acordar de madrugada para correr, trocar confraternizações e eventos por descanso e treino. A orientação da assessoria esportiva foi fundamental para atingir o objetivo, a experiência dos treinadores, a organização e periodização do treinamento fazem com que tenhamos confiança para terminar a prova. A prova de 82km à beira-mar foi o momento de botar em prática todo treinamento, teve muito sol e calor, a maré alta fez que corrêssemos uma grande parte do percurso pela areia fofa, aumentando o desgaste. Apesar de ser uma prova difícil, a emoção de cruzar a linha de chegada, independentemente  de tempo e colocação, faz todas as dificuldades durante o percurso valerem a pena. TTT 2020 concluída, agora é começar a treinar para voltar no próximo ano”.

Leandro De Conto, 37 anos, representante comercial. Corre há 3 anos


 

 “Foi sensacional. A corrida é demais em qualquer lugar, um desafio com você mesmo, é superação! O trote da alegria é meu lema. Mas a TTT foi acima das minhas expectativas, lembrança que vai ficar para sempre, o barulho e imagem do mar é muito gratificante. Ademais muitos participantes e todos na mesma sintonia. O desafio é consigo mesmo. Já estou ansiosa para o próximo ano, novo desafio” 

Mirela Arnhold Graminho, 31 anos, advogada/agente de relacionamento. Corre desde março do ano passado


 

“Foi minha primeira TTT e minha primeira prova Ultramaratona. Foram meses de preparação, com treinos intensos, mudanças de hábitos, trocando uma festa por um treino de 30 a 40km no domingo de madrugada. Após dias de planejamento de suplementação e hidratação, foi dada a largada, no qual até o km 35 estava tudo andando conforme o planejado com meu apoio de bike Carlos Testa Ribeiro. Então aconteceu o primeiro imprevisto: furou o pneu da Bike do meu apoio e continuei sozinho por aproximadamente 12km sem suplementação, somente com meia garrafa de água. Neste momento eu tinha pensado que minha prova tinha acabado. Com a ajuda dos colegas ultras consegui seguir e logo meu apoio voltou, junto com meu ânimo. Ao chegarmos no km 60, as pernas começaram a pesar, mas principalmente o psicológico, pois nunca tinha chegado nessa quilometragem em uma prova e não sabia como meu corpo iria se comportar até o final da prova.  Segui focado, meu apoio e conhecidos me incentivando até o fim e assim consegui concluir a prova com 8h21min. Após o término estava super feliz pela minha estreia em uma Ultramaratona e com um belo tempo, e em momento algum imaginei que iria conquistar o 3º lugar na categoria de 20 a 29 anos. Hoje esta conquista não é só minha e sim da minha família que, desde o início sempre esteve ao meu lado.”

Gustavo Manfredini, 24 anos, analista de produtividade. Corre desde 2018


 

“É minha oitava TTT e neste ano corri 22km. As maiores dificuldades de uma prova destas são mentais. A TTT é uma prova que exige uma preparação intensa e sem margem para erros. Além de estar fisicamente forte, é fundamental estar com a mente preparada para sofrer e sentir o peso do sol forte, vento contra, areia pesada e, especificamente neste ano, a maré alta, tendo que correr praticamente o tempo todo com os pés molhados”

Leonardo Alessi, 32 anos, estudante de Educação Física. Corre desde 2008


 

“Em novembro de 2016 tive a incrível experiência de começar a correr. Conhecer um vocabulário que não fazia parte do meu dia a dia: pace, garmin, longão, tipo de pisada, etc. Neste ano participei pela quarta vez da TTT, sempre em  quarteto. Na semana que antecede a prova, há sempre aquela ansiedade gostosa para sabermos como estará a temperatura, o vento, a maré. A TTT é uma prova que é sempre difícil, mas que, quando terminamos, já estamos pensando na próxima. Com a corrida melhorei muito minha condição física e emocional, mas, sem sombra de dúvida, a melhor parte são os novos amigos conquistados e as amizades que são fortalecidas devido aos treinos que sempre fazemos juntos, cada um superando suas dificuldades e com diferentes  objetivos”

Sinara Maragno Kunz, 52 anos, bancária.


 

“Participar de uma prova como a TTT é uma experiência muito gratificante, foi minha primeira competição neste esporte e de cara uma das mais conhecidas provas do Estado. Valeu cada momento de dedicação. Porque a corrida é isso, é uma busca constante para superar os nossos limites, correr mais rápido, correr mais distante. Além de nos desafiar, a corrida proporciona que tu conheças novos lugares, faça novas amizades, desenvolva hábitos mais saudáveis e é também uma ótima maneira de manter a mente em equilíbrio. Quando a gente está correndo, só se concentra na respiração, deixa os problemas de lado por um instante e aproveita o trajeto. Quando ultrapassa a linha de chegada, fica a sensação de dever cumprido”

Lorenza Lindemayer Stefani, 27 anos, 
engenheira ambiental. Corre há um ano


 

“A TTT foi a melhor prova que já participei. O maior prêmio é a superação, diversão e entretenimento. Juntamente com amigos montamos um octeto para fazermos os 82km. Meu trecho foi os últimos 8,6km onde a cada metro percorrido senti a grande vibração da prova através de aplausos e palavras de incentivo de pessoas que ali estavam curtindo a praia e apreciando essa prova linda. Isso é muito mais do que simplesmente correr, isso é saúde, amor, diversão e uma grande forma de fazer amigos. Que venha a TTT 2021”

Diones Cabral, 29 anos, consultor de negócios. 
Corre há 6 meses


 

“Esta foi a minha segunda TTT. No ano passado corri em dupla e neste ano eu resolvi fazer o solo. Comecei a preparação em setembro do ano passado, com treinos de corrida, musculação e acompanhamento nutricional. No dia, a maior dificuldade foi o final da prova, pois a cabeça quer continuar, mas as pernas não acompanham. A capacidade mental é muito importante, pois foram quase nove horas correndo. A corrida é um esporte muito democrático e de fácil prática. Porém o mais importante que é um esporte que aglomera diversas pessoas e constrói grandes amizades”

Airton Fitarelli Junior, 31 anos, programador. 
Corre desde 2015