Tudo a seu tempo

Hoje, na semana em que eu escrevo a minha décima segunda coluna, completando um ciclo de três meses, vi-me obrigado a escrever sobre o nosso ativo mais democrático: o tempo. Mas como escrever sobre algo tão democrático, pois todos têm o mesmo, mas tão relativo? 
Bom, irei me furtar de conceitos e resumir a um exemplo. Ou a exemplos. 

Quando, lá em 1995, iniciando as preparações para o vestibular, tive a oportunidade de estudar em um dos melhores colégios do Estado à época, o Colégio Nossa Senhora do Rosário, em Porto Alegre. Lá, os professores das áreas afins, português e literatura principalmente, eram unânimes em indicar, como leitura obrigatória, preparatória para as provas de redação, a coluna do Paulo Sant’Anna. 

Paulo Sant’Anna sempre foi uma pessoa autêntica, dotada de uma capacidade de raciocínio e escrita fantásticos. Escrevia como ninguém. Foi considerado, em mais de uma oportunidade, o melhor cronista sobre atualidades de sua época. E foi! Apesar de polêmico, sempre escreveu textos coerentes e pertinentes. E sobre tudo. 

Pois bem, tornei-me um admirador, leitor assíduo de sua coluna diária. Sentia falta dos textos nas suas férias. E olha que eu não gostava dos seus pronunciamentos no programa televisivo em que aparecia diariamente. Mas eu não me canso de dizer: seus textos eram fantásticos! 

Nessa condição, alimentei uma vontade de, um dia, poder escrever como ele. Não com tanta qualidade. Sei que dificilmente chegarei próximo daquilo que ele produziu. E, pasmem, diariamente ele escrevia textos fantásticos, irretocáveis, dignos de leitura, releitura, reprodução. DIARIAMENTE! Os jovens há mais tempo, como eu, lembrarão disso. 

Hoje, 25 anos depois, sinto-me realizado. Hoje, depois de muito estudo, preparo, trabalho, entendimentos, idas e vindas, conversas, diálogos, leituras, etc., posso escrever para os leitores do Jornal SERRANOSSA um pouco daquilo que eu penso, daquilo que eu sei, daquilo que eu quero que os outros saibam do que penso, do que sou ou do que se passa comigo e/ou ao meu redor. Como dizia um finado amigo meu, saudoso, militar de vasta carreira, Cel. Ramão Pereira Trois Neto: “sendo pelo bem, está tudo bem…”. 

Como disse acima. Estou longe de chegar perto da qualidade de um Paulo Sant’Anna. Nunca serei, por certo! Até porque ele era gremista, né?! E isso sim eu nunca serei! Porém, tenho a dádiva de ter um espaço para compartilhar minhas ideias, tal qual ele fazia. E acho que estou seguindo a mesma linha. 

Mas Thiago, e o tempo? Onde entra nisso? 

Passaram-se mais de 20 anos desde que eu despertei meu interesse pela escrita. Para algumas coisas, 20 anos parece muito. Para a preparação para escrever aqui, todavia, 25 anos de estudos, leituras, intercâmbios, cursos, seminários e horas e horas de conversas com todas as pessoas, de todos os tipos, culturas, raças, credos, etc., ainda às vezes parece pouco. Às vezes parece que nada sei. E até acho que, de fato, nada sei… É, pois, diante disso, o tempo relativo mesmo…

Ainda assim, como disse a Sra. Elisa Dalla Colleta, quando em agradecimento às referências a ela e ao meu querido amigo Cleber Dalla Colleta na coluna da semana passada, quando este lamentou que nos aproximamos muito tarde: “o tempo de Deus é perfeito”. 

Cleber e eu, apesar de colegas de profissão, conhecidos das lides forenses, nos tornamos amigos próximos em 2018. Uma lástima! Pessoas como ele é bom ter por perto desde sempre. Ainda assim, esse pouco tempo já foi muito pela intensidade da nossa amizade! E que assim seja, o tempo que for, em tudo o que for para o bem! 

Até a próxima!
 

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