UCS: docentes participam de Congresso na Austrália

As professoras Carmen Maria Faggion e Terciane Ângela Luchese, do Centro de Ciências Sociais e da Educação do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi), participaram, na metade do mês de agosto, do Congresso Internacional de Linguística Aplicada (AILA 2014), em Brisbane, na Austrália. Na oportunidade, elas apresentaram o resultado da pesquisa desenvolvida na UCS, com o título “Produzindo silenciamentos: o ensino e a aprendizagem do português em escolas rurais na Região Colonial Italiana, RS, Brasil”.

Segundo Terciane, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação – Mestrado da UCS, o congresso era voltado para pesquisadores com projetos na área da Linguística Aplicada. “O ensino do português em escolas das regiões de imigração do Brasil assumiu caráter obrigatório, após 1937, devido a determinações do governo ditatorial de Getúlio Vargas. Isso ocorreu também na região colonial italiana, no sul do Brasil, embora as crianças só falassem dialetos italianos, nas zonas rurais. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, o italiano foi proibido, e o português devia substituí-lo”, explica.

Utilizando-se de relatos registrados em Bancos de Memórias e Arquivos Históricos, a pesquisa objetiva analisar depoimentos de estudantes e professores da época, tentando reconstituir esse ensino subtrativo: quais as práticas, quem as exerceu e que subsídios havia. Os professores, geralmente sem formação específica, aparentemente cumpriram ordens sem discussão. “Contudo foram, ao mesmo tempo, os únicos caminhos para o conhecimento e para o letramento. Alguns deles relatam experiências em que a compreensão que tinham do problema vai além da pura aplicação das normas que recebiam, pois usavam o dialeto italiano da região (talian) para explicar o português”, completa Terciane.

Por outro lado, alguns estudantes mencionam castigos ocorridos por empregarem palavras italianas. “Além da presença de leis arbitrárias, contribuiu para o início do silenciamento dos dialetos italianos o choque de novas culturas, urbanas e industriais, expressas sempre em português. O português era língua majoritária, língua de educação, língua da mídia e língua urbana. Os relatos mostram que os professores, e também os pais dos alunos, viam no domínio do português um instrumento de ascensão e inserção social. Conclui-se que a escola teve papel fundamental para divulgar o português e também para iniciar o processo de silenciamento do italiano – processo que, até agora, tem sido muito bem sucedido, a despeito de algumas tentativas de reabilitar o talian”, conclui.

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