UFRGS: definição de campus pode levar mais um ano
A retomada da discussão para instalação de um campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) na Serra pode não ter sido um balde de água fria para os prefeitos da região, mas certamente ficou aquém das expectativas que a maioria dos 23 chefes de Executivo levou para o encontro com o vice-reitor da instituição, Rui Vicente Oppermann. Se, por um lado, o representante da universidade garantiu a instalação do núcleo, por outro, não trouxe o tão esperado anúncio do local e nem falou em novos prazos para a implantação da unidade.
A etapa em que o projeto se encontra, segundo Oppermann, é a do debate interno sobre o modelo de campus a ser instalado. Somente depois dessa definição, a escolha da área deve voltar à pauta. “É difícil falar em prazos, mas, pela experiência que temos, especialmente com o campus do Litoral Norte, essa discussão deve levar, no mínimo, mais um ano. Mas o campus da Serra já é uma realidade interna nossa, mesmo que ainda não tenha tijolos. É um comprometimento institucional”, afirma o vice-reitor, que participou de reunião da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), na última semana.
Mais respostas
O discurso subjetivo de Oppermann não foi tão bem recebido por todos. O prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, apesar de reconhecer a importância da mobilização regional, destacou que os municípios esperam por respostas da Ufrgs. “A primeira etapa, sobre o local, ainda está nas nossas costas, todos nos cobram lá fora. Eu nunca vi uma unidade como essa, mas, se nós passarmos novamente por um tensionamento, vamos acabar com essa tentativa de união”, destaca.
Guilherme Pasin, prefeito de Bento Gonçalves, comemorou a confirmação da construção do campus, mas também reforçou a cobrança por informações mais objetivas. “Queremos algo concreto, para posicionar os municípios. Até agora, não sabemos quais são os critérios adotados pela universidade”, aponta.
Para o presidente da Amesne e prefeito de Santa Tereza, Diogo Segabinazzi Siqueira, a reunião foi importante para trazer o assunto de volta à mesa de negociações, já que a corrida eleitoral do ano passado deixou o tema em segundo plano. Mesmo sem definições, ele considerou o encontro com o Oppermann produtivo. “Não podemos ter essa ilusão de que as coisas podem ser feitas de um ano para outro, porque isso é algo inviável, impensável. Esse projeto deve ter o seu tempo respeitado”, ressalta Siqueira.
Encaminhamentos
De acordo com o vice-reitor, além de priorizar a construção do campus no Litoral Norte – que deve iniciar até final de 2014 – a Ufrgs também planeja uma proposta de grande porte para a região serrana, o que justificaria a exigência de mais tempo para a tomada de decisão. “Vamos levar um projeto que não contempla somente a graduação, mas também áreas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, por exemplo. Quando tivermos essa proposta minimamente finalizada, eu mesmo voltarei aqui para apresentá-la”, garantiu.
Entre os poucos apontamentos mais específicos, Oppermann salienta que o campus deverá ser erguido em uma área centralizada, de acesso facilitado para todas as cidades abrangidas. Projetos como a possível futura implantação do trem regional e a proposta de criação de uma região metropolitana também devem ser levados em conta para a escolha do local. Depois de iniciada, a construção deve ser concluída no prazo de três a cinco anos.
Inovação e tecnologia
Durante a reunião com os prefeitos, Oppermann afirmou que os cursos que a Ufrgs trará priorizarão áreas de inovação e tecnologia. Segundo ele, a ideia do campus foi “amadurecida” desde o início das discussões, em função do avanço já apresentado pela Serra nos últimos anos. “Nosso desafio aqui será diferente, porque é uma região que não tem aquela necessidade de desenvolvimento primário”, justifica.
Para o secretário executivo do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), José Antônio Adamoli, é justamente esse o foco que deve ser mantido. “Sem esse investimento em tecnologia, poderemos deixar de ser a vanguarda”, alerta Adamoli. A manifestação da deputada estadual Marisa Formolo (PT) também foi no mesmo sentido. “Não podemos mais ter uma grande oferta de trabalho e não ter as pessoas preparadas”, argumenta a parlamentar.
Segundo a reitoria da Ufrgs, o campus da Serra deve ser instalado em uma área centralizada e de fácil acesso para estudantes que residam em vários municípios da região. Após a escolha do local – discussão que deve levar, no mínimo, mais um ano – e o início da construção, a previsão é de que a unidade entre em funcionamento em um prazo estimado de três a cinco anos. Os cursos oferecidos serão da área de inovação e tecnologia
Reportagem: Jorge Bronzato Jr.
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