Um colecionador padrão FIFA

Um aglomerado de pessoas todas as noites, principalmente aos finais de semana, chama a atenção em frente à Livraria Paparazzi, no L’América Shopping, em Bento Gonçalves. São dezenas de crianças, adultos, mulheres, jovens e idosos que se reúnem no local com um único objetivo: trocar figurinhas para completar o álbum da Copa do Mundo. Muita gente acredita que passar horas em busca dos cromos é coisa de criança, mas Luiz Blume, de 68 anos, está lá para provar o contrário. Ele é o mestre das figurinhas!

Se alguns colecionadores costumam trocar cromos apenas quando não encontram justamente o que lhes falta, Blume está lá todos os dias. E não é porque ele não tenha completado o álbum – já preencheu dois livros, com todas as 640 figurinhas, em apenas sete dias. O que Blume gosta mesmo é de negociar. Para ele, não existem cromos difíceis, existem pessoas que não buscam outros colecionadores. “Ninguém consegue completar um álbum só comprando pacotes de figurinhas. A troca é imprescindível”, garante ele, que trabalha em uma autoelétrica durante o dia e “bate ponto” no shopping à noite e nos finais de semana. “Em um sábado, cheguei às 10h e só saí às 22h”, diz, aos risos, o colecionador.

Seu hobby começou em 2010, quando preencheu o álbum do Mundial da África do Sul. Depois, ele completou os relativos ao Campeonato Brasileiro de 2010, 2011, 2012 e 2013, o álbum da Copa das Confederações e, o seu preferido, o “Brasil de todas as Copas”. Devido à sua paixão pelas figurinhas e pela troca, hoje ele possui mais mil cromos de todos esses anos. Alguns deles são raros, como o do ídolo do futebol brasileiro Pelé. O mais impressionante é que Blume sabe o número correspondente a cada imagem de todos os álbuns. 


Estratégia

No álbum da Copa do Mundo 2014, uma das figurinhas mais complicadas de conseguir é a do jogador, craque da Seleção Brasileira, Neymar. Mas, para Blume, estratégias simples garantem facilidades para completar o livro. A primeira é não ir colando as figurinhas no álbum. A segunda é sempre buscar a troca.  “Como estou todos os dias no shopping, sempre tem pessoas que precisam de figurinhas para completar. Eu dou a eles todas de que precisam, e eles me dão as repetidas. Por exemplo, o menino tem 100 figurinhas duplas e precisa de 10 para completar. Eu dou as 10 e ele me dá as 100”, explica o colecionador.  

O que incomoda Blume são os “inflacionários” do seu hobby. “Tem pessoas que já ofereceram R$ 20 por uma só figurinha. Eu fico até ofendido. Porque é uma brincadeira e não um comércio. Imagina se o pessoal só me der figurinhas se eu pagar? Vou ter prejuízo e vai perder toda a graça”, explica Blume, que gasta, em média, R$ 200 para a compra do livro e de alguns pacotes no início do álbum. Depois disso, completa somente fazendo trocas. “Eventualmente, eu vendo alguns cromos, mas somente pelos valores que elas valem, que é R$ 0,20”, garante. Hoje, Blume é procurado por colecionadores de toda a Serra Gaúcha e de Porto Alegre. “Não existe figurinha que eu não tenha”, confidencia.

O colecionador “padrão Fifa” de Bento Gonçalves afirma que irá frequentar os pontos de troca até quando houver interesse das pessoas. Depois, dará continuidade ao álbum do Brasileirão 2014. Se o Brasil conquistará o hexa Blume não sabe, mas ele já levou o troféu de campeão das figurinhas!


Curiosidades

O álbum de figurinhas da Copa do Mundo é um fenômeno de vendas. O Grupo Panini, empresa italiana que imprime os álbuns desde a Copa do México, em 1970, afirma que o Brasil é o maior mercado da empresa – a companhia espera alcançar mais de 8 milhões de colecionadores somente no Brasil neste ano. Durante a Copa da África do Sul em 2010, as bancas brasileiras venderam 220 milhões de cromos. 

Em Bento Gonçalves, a troca acontece após as 17h30 e durante os finais de semana no térreo do Shopping L´América, em frente à Livraria Papparazzi.

Reportagem: Raquel Konrad


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